Thairo ArrudaVitor Silva/Botafogo
Publicado 10/06/2024 23:29 | Atualizado 10/06/2024 23:29
Rio - O CEO Thairo Arruda destrinchou o cenário de dívidas do Botafogo e revelou que o Alvinegro espera reduzir o passivo em R$ 500 milhões. Em entrevista "Botafogo Podcast", que foi ao ar nesta segunda-feira (10), ele contou como encontrou o Glorioso e apontou um aumento nas receitas.
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"Quando começamos na SAF, o Botafogo tinha R$ 1,1 bilhão em passivo. A gente tinha R$ 120 milhões em receitas. Era uma relação de 1 para 10 praticamente. Dez reais de dívida para um real de receita. Em qualquer empresa de qualquer setor isso é falência. O grande desafio é: como consigo aumentar essa base de receitas e reduzir o passivo ao mesmo tempo? Nosso primeiro trabalho foi entender, de fato, o passivo e todas as oportunidades que tínhamos de destravar receitas. Fechamos o ano passado com R$ 530 milhões de receita. Em dois anos de gestão, é incrível o nível que crescemos", explicou Thairo.
Na sequência da conversa, o CEO disse que a SAF focou, num primeiro momento, nas dívidas trabalhistas. Isso porque, de acordo com ele, é aí onde o Botafogo mais sofre.
"Nós temos três categorias de passivo: trabalhista, cível e tributário, basicamente. O primeiro que focamos foi o trabalhista, porque é justamente aí que sofremos mais. Há penhoras, decisões judiciais, às vezes até esdrúxulas... Sofremos penhoras no começo da SAF, na maioria das vezes vindo da Justiça do Trabalho. Então, falamos: 'vamos equalizar primeiro a trabalhista para ter um pouquinho mais de estabilidade'. A gente assumiu o clube com R$ 250 milhões de dívida trabalhista. Reestruturamos o RCE (Regime Centralizado de Execuções) de forma que hoje temos R$ 150 milhões. Está bem equalizado, pagamos direitinho e os credores estão muito felizes", pontuou.
Posteriormente, Thairo falou sobre a dívida cível. Vale lembrar que o Botafogo liquidou cerca de R$ 130 milhões da dívida cível. O pagamento foi realizado aos credores que aderiram à opção de curto prazo, com pagamento à vista do Plano de Recuperação Extrajudicial.
"O próximo passo foi a dívida cível. Eram R$ 440 milhões, estamos há quase um ano de negociação com os credores, que culminou na Recuperação Extrajudicial, que está em vias de homologação. Tínhamos duas propostas que fizemos: os que queriam receber rápido, à vista, tinham que dar 90% de desconto; se pode receber no longo prazo, são 15 anos de pagamento com 40% de desconto", disse Thairo.
"Fizemos benchmarks, fomos entender como outras empresas em recuperação estavam propondo aos credores. Não tiramos esses números do ano. Conseguimos trazer essas duas propostas. É muito fácil fazer um acordo, o difícil é cumprir. Nesse sentido, conseguimos 65% de adesão, foi muito maior do que a gente esperava desse passivo cível. Desses R$ 440 milhões, R$ 130 milhões optaram por receber no curto prazo, que foi o que liquidamos no mês passado. Ou seja, sobram os R$ 310 milhões, que vão ser no longo prazo, mas tem 40% de desconto. Hoje, podemos assumir que a nossa dívida cível está em R$ 180 milhões", completou.
Por fim, Thiaro explicou o cenário na dívida trabalhista. Ao finalizar a explicação, mostrou o quanto o Botafogo espera reduzir do passivo até o fim do ano. Caso o cenário se cumpra, o Alvinegro sairia de R$ 1,1 bilhão para R$ 600 milhões. Como as receitas subiram para a casa dos R$ 500 milhões, a relação começa a ficar sustentável
"A terceira etapa é trabalhar o tributário. Estamos em andamento, a expectativa é finalizar essa renegociação tributária com o governo até o final do ano. E aí vamos concluir o trabalho de reestruturação do passivo do Botafogo. Se a gente fizer da forma como estamos esperando, somando o trabalhista com o cível e o tributário, esperamos fechar o ano nos R$ 600 milhões de passivo. Ou seja, de R$ 1,1 bilhão para R$ 600 milhões em dois anos", afirmou Thairo.
"A gente praticamente sobe nossa receita de R$ 120 milhões para R$ 530 milhões ao mesmo tempo que reduz o passivo de R$ 1 bi para R$ 600 milhões. A relação de 10 para 1 fica quase de 1 para 1. "A relação) 1 para 1 ainda é alto, mas é muito sustentável, ainda mais com prazo de pagamento à longo prazo. Aí, sim, a gente pode dizer que o Botafogo está recuperado e pronto para ser sustentavelmente competitivo em toda competição", finalizou.
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