Bastos pode se tornar o primeiro jogador africano a ser campeão da LibertadoresVítor Silva/Botafogo
Publicado 29/11/2024 08:00
Rio - Um dos pilares da defesa do Botafogo em 2024, Bastos conseguirá um feito histórico se for campeão da Libertadores neste sábado (30), contra o Atlético-MG, no Monumental de Nuñez. Mesmo com a incerteza de sua presença em campo na final, em caso de título, o zagueiro alvinegro se tornará o primeiro jogador do africano a levantar a taça mais importante do futebol sul-americano.
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A conquista inédita com o Botafogo aumentará ainda mais o prestígio de Bastos, que já é referência no continente e, principalmente, em Angola. O bom momento no time carioca, inclusive, fez com que ele voltasse a ser convocado para sua seleção após um afastamento de três anos por conta de discussões com a federação do país sobre a falta de organização no futebol local. 
Apesar do longo período sem vestir a camisa de Angola, Bastos nunca deixou de ser um exemplo, tanto para seus companheiros quanto para os amantes de futebol em seu país, que chegam a fazer festa para recebê-lo no aeroporto. Capitão antes do afastamento, o zagueiro fez valer o apelo popular por sua volta e se tornou ainda mais líder dentro de campo, mesmo sem a faixa de capitão.
"Ele volta à seleção para ser indispensável. Angola muda um pouco a forma de jogar por conta da presença dele e ele se torna um pilar dentro de campo, apesar de ele não ter a faixa de capitão. Ele é visto assim na seleção, como um pilar, um jogador importantíssimo. As pessoas vão receber ele no aeroporto. Ele é hoje em dia um capitão sem faixa da seleção angolana. É um líder desse grupo, mesmo tendo ficado tanto tempo afastado", declarou Marcus Carvalho, comentarista da CazeTV e especialista em futebol africano, ao DIA.
Bastos em ação no centro de acolhimento El Betel, em Luanda - Divulgação / Federação Angolana de Futebol
Bastos em ação no centro de acolhimento El Betel, em LuandaDivulgação / Federação Angolana de Futebol
"Em um contexto geral muito difícil ainda para o país, ele sai para a Europa e é bem sucedido na Rússia. Depois, vai para a Itália e tem sucesso mais uma vez. Agora, se destaca no Botafogo, um grande time, jogando a Libertadores. Então, ele é visto como, além de um jogador que vai para fora e compete em alto nível, um angolano que saiu do país e venceu. Não só o jogador Bastos é muito admirado, mas o ser humano, o angolano, que sai do seu país muito jovem, faz sucesso no exterior e venceu", completou.
A identificação do zagueiro com seu país é tão forte que, mesmo ficando tanto tempo afastado, Bastos está a 2 jogos de entrar para o top-10 de jogadores que mais defenderam a seleção angolana. Ao todo, ele já soma 54 partidas.

Zagueiro "apresentou" o Botafogo aos angolanos

O sucesso de Bastos com a camisa do Botafogo fez com que o Glorioso atravessasse fronteiras. Agora, o time carioca está inserido no noticiário angolano e é acompanhado com frequência no país, a exemplo de grandes times da Europa. 
Por lá, se reunir em frente às TVs para acompanhar Bastos e o Botafogo em campo virou algo rotineiro, assim como já acontecia com jogos de clubes como Real Madrid, Barcelona, Benfica, Porto e outros.
"As pessoas passaram a consumir mais o Botafogo em Angola. As pessoas veem os jogos, procuram saber notícias, tem portais angolanos que noticiam qualquer coisa sobre o Botafogo, porque o Bastos está ali. Criou-se um mercado que consome Botafogo em Angola. Quando o Bastos chega para o primeiro jogo que ele faz no retorno à seleção, tinha gente com camisa do Botafogo esperando ele no aeroporto. Eu diria que agora o Botafogo é um time que está na rotina do angolano", descreveu Marcus.

Bastos é a virada de chave para jogadores africanos no Brasil?

O sucesso de Bastos no Brasil pode ser um marco para um novo olhar do futebol brasileiro em relação ao mercado africano. Além do Botafogo, outros times grandes do país fizeram apostas recentes em jogadores do continente, principalmente de olho nas categorias de base.
No caso de Bastos, o Botafogo inovou ao buscar um nome já renomado do futebol africano, com 31 anos, e não mais jovem. O bom retorno dado pelo camisa 15 tem tudo para abrir um horizonte para novas contratações de clubes brasileiros no futuro.
"Eu acho que pode ter essa virada (mais africanos no Brasil). E eu acho que é algo até tardio. No mercado africano, se você for inteligente, você consegue trazer bons jogadores, num preço barato, ou às vezes até numa transferência gratuita. Os times franceses fazem muito isso. E revendem por muito dinheiro. Eu acho que a fase do Bastos pode ajudar até pensando em jogadores mais maduros, que fizeram mais sucesso já", finalizou o jornalista.
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