Os árbitros de futebol no Brasil ainda fazem 'bico'DIVULGAÇÃO
Fala, galera! Hoje eu começo a escrever esta coluna em O Dia e estou muito feliz e animado com mais esse desafio em minha carreira. Quero usar esse espaço para discutir e debater as questões mais importantes de nosso futebol, além, claro, de contar muitas histórias de tudo o que vivi dentro e fora de campo. Debate sério quando é para ser sério, no meu estilo papo reto de sempre, mas sem esquecer da velha e boa resenha também.
E quero começar, na minha primeira coluna, falando daquilo que, sem dúvida nenhuma, é um dos grandes problemas atuais de nosso futebol: a arbitragem. Erros são normais, sempre aconteceram e não vão deixar de acontecer. Mas o que está rolando é muito acima do normal. E não adianta culpar os árbitros. Ao contrário dos jogadores e treinadores, que se dedicam 100% às suas profissões e são bem remunerados, os árbitros de futebol no Brasil ainda fazem “bico”, pois ganham um cachê apenas nas partidas em que são escalados, não têm descanso nem tempo semanal de treinamento remunerados e nem sequer possuem direitos trabalhistas. Qual é a consequência disso? Não se capacitam, não estudam seus erros e não têm treinadores e orientação física e técnica constante. Claro que não poderia dar bom, né?
Quando comecei, o futebol não movimentava a grana que gira hoje. Tinha menos jogos também. Hoje não dá mais. De um lado, atletas, treinadores e dirigentes cada vez mais profissionais e preparados. Do outro, amadores que param suas profissões para apitar.
Outra coisa: não adianta simplesmente os dirigentes e jogadores ficarem indignados apenas quando o árbitro erra contra o seu time. Aí sempre surge o discurso da profissionalização. E depois, durante a semana e até o próximo erro, o assunto morre.
Como parlamentar, tinha de fazer alguma coisa. Vi que já tinha um projeto de lei de 2019, do Senador Vital do Rêgo, estabelecendo vínculo de emprego aos árbitros. Como Presidente da Comissão de Esportes do Senado, coloquei o projeto em pauta, formei um grupo de trabalho com todos os envolvidos – árbitros, federações, advogados, Ministério Público, governo, especialistas e principalmente CBF, que têm de participar ativamente desse processo. Discutimos bastante o tema e aprovamos o projeto, confirmando esse necessário vínculo. Nessa semana conseguimos também, com a minha relatoria e muito trabalho de articulação,, aprovar na última comissão, e agora o projeto vai para a Câmara dos Deputados. Vou continuar trabalhando para que vire lei ainda neste ano!
Eu, quando era jogador, me dedicava integralmente à bola. Não tinha outra profissão. Treinava quando tinha de treinar (não muito, é claro), tratava lesões no clube, me preparava para cada jogo. Infelizmente não é essa a realidade do árbitro brasileiro.
Eu, quando era jogador, me dedicava integralmente à bola. Não tinha outra profissão. Treinava quando tinha de treinar (não muito, é claro), tratava lesões no clube, me preparava para cada jogo. Infelizmente não é essa a realidade do árbitro brasileiro.
O projeto visa exatamente trazer a arbitragem para o futebol moderno. Com um contrato assinado pelo prazo definido para as competições, remuneração com parte fixa e outra por desempenho e tempo destinado a treinamento, tenho certeza de que a arbitragem vai melhorar bastante, e poderá ser cobrada por todos nós.
Nas grandes ligas do mundo já é assim. Os caras são tão profissionais quanto os jogadores. Não podemos perder esse bonde.




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