José Boto, diretor do Flamengo em conversa com Filipe LuísMarcelo Cortes/Flamengo

Rio - Três meses após chegar ao Flamengo, José Boto fez um balanço de seu trabalho no clube. Em entrevista à "FlamengoTV", o diretor de futebol rasgou elogios ao técnico Filipe Luís e comparou sua personalidade com a de Jorge Jesus, com quem trabalhou por anos no Benfica.
"Trabalhei com o Jorge Jesus por seis anos, ganhamos muitas coisas, fomos a finais de competições europeias, que para a realidade do Benfica hoje é bom. É um treinador que vive o futebol 24 horas por dia. Nisso, são iguais. Em ideias de jogo, eles têm algumas diferenças. Há coisas que gosto mais do estilo do Filipe do que do Jorge, principalmente a forma como ataca. De controlar mais o jogo. O Jesus é mais vertigem, o que também é bom. Há nuances diferentes como pensam principalmente o jogo ofensivo", declarou Boto.
O dirigente português também falou sobre o alto número de lesões musculares sofridos pelo jogadores desde o início da temporada e disse que o clube espera reduzir os problemas em breve.
"A lesão faz parte do futebol. Há vários tipos de lesões, mas as lesões que temos tido até agora não são uma coisa que me preocupa tanto. Porque na Europa, quando se faz uma pré-temporada, há sempre muitas lesões. O jogador vem, tem que se condicionar... Eu tenho uma teoria diferente, vamos ver se tenho razão ou não: eu acho que agora, com a quantidade de jogos, os jogadores vão ficar mais preparados para terem menos lesões", afirmou.
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Chegada ao Flamengo

"Com pouco tempo de clube, já tenho muita coisa para contar aos meus netos, não é? E isso tem muito a ver com a dimensão do clube. Eu costumava dizer que um ano no Benfica equivalia a três no Shakhtar. Aqui, um mês no Flamengo equivale a um ano no Benfica e a seis no Shakhtar (risos). Pela intensidade com o que isto é vivido e o que nós temos que cuidar. Mas é também para isso que nós estamos aqui. Acho que um profissional de futebol, o que leva no final são essas memórias, essas experiências."

Fair Play Financeiro

"Tem chamado a atenção. Por outro lado, numa visão macro do futebol brasileiro, eu acho que é algo que os clubes têm que cuidar. Isso acontecia na Europa há 20 anos, não pagavam salário, mas a Uefa foi rígida e criou o Fair Play Financeiro. Não só por isso, mas também pelas questões dos donos têm que ter atenção com as SAF's. Por exemplo, o Manchester City, que tem um dono multibilionário, gastar mais dinheiro do que gera. Porque o dono vai injetar dinheiro. Eu trabalhei num clube milionário, o Shakhtar Donetsk, e a Uefa estava sempre em cima para ver se o clube gastava mais do que o permitido. Eu acho que isso é algo que tem fazer no Brasil, os clubes não podem gastar mais do que aquilo que realmente têm. E tem que pagar. Quando eu compro algo eu tenho que pagar."

Mundial de Clubes

"Sim (sul-americano valoriza mais), mas este agora não. Vai ser a primeira vez, o primeiro formato, não tem dados para falar sobre isso nem ninguém tem. Mas sobre o antigo formato, o sul-americano valoriza muito mais que o europeu. É muito mais fácil um Flamengo ou Palmeiras ter à meia-noite não sei quantas pessoas em Portugal vendo do que um Al Hilal x Flamengo num Mundial. Os próprios clubes europeus não dão muita importância ao Mundial. Agora esse Super Mundial é diferente, é algo que acho que vai atrair muito mais atenção dos europeus do que o antigo formato."