Ganso conquistou o segundo título pela Libertadores: além do Fluminense, ele foi campeão em 2010 com o SantosMarcelo Gonçalves/Fluminense
Das dificuldades à Glória Eterna, Ganso e Nino viveram reconstrução do Fluminense
Camisa 10 e capitão da conquista da Libertadores chegaram ao clube em 2019
Paulo Henrique Ganso e Nino chegaram a um Fluminense, no início de 2019, muito diferente do que é hoje. Jogadores do elenco há mais tempo no time profissional, eles fizeram questão de recordar as dificuldades naquele ano, ao celebrarem a reconstrução até a conquista do título da Libertadores no sábado (4). E foram muitas ao longo desses anos.
"Sentimento único. Participei da reconstrução desse time, desde 2019. Só agradecer a Deus e à torcida pela confiança. Realmente estava muito difícil aqui. Hoje, cinco anos depois de muita dificuldade dentro do clube, inclusive minha, conseguimos reunir não um grupo, mas uma família que só coroa esse título", afirmou Ganso, que esteve perto de sair, mas recuperou o bom futebol com a chegada de Diniz, em 2022.
As dificuldades financeiras continuam em 2023, mas há quatro anos pareciam sem solução. Ao longo da temporada, os atrasos salariais eram regra, a ponto de o Fluminense ter quitado, em dezembro, três meses de uma vez.
Em meio à situação financeira caótica, Ganso e Nino também tiveram que conviver com a crise no campo. Desde 2012 sem um título relevante, o Tricolor vinha de um quase rebaixamento em 2018 e voltou a correr o risco na temporada seguinte. O camisa 10, que chegou como grande contratação para mudar o patamar, sofreu com as más atuações e alternou entre ficar banco ou ser titular.
Eles ainda conviveram com a troca antecipada de presidente do clube por causa da crise financeira. Saiu Pedro Abad, que antecipou a eleição para o meio do ano, e entrou Mário Bittencourt, que deu início à reconstrução, primeiro fazendo acordos de pagamentos aos credores e outras ações para aliviar o fluxo de caixa.
Com foco em pagar os salários atrasados e colocar os vencimentos em dia, o que só conseguiu em 2020, o dirigente admitiu que "o Fluminense não teria sobrevivido" sem a venda de Pedro à Fiorentina.
"(O título tem) sabor a mais. Cheguei e o Fluminense estava nesse processo de reconstrução, totalmente diferente do que vimos hoje. Passar por cada etapa e com tantas pessoas queridas é especial", disse o capitão Nino, que tem proposta do Nottingham Forest e deve deixar o clube ao fim da temporada.
Desde então, Ganso e Nino observaram uma mudança de patamar. Mesmo diante de uma torcida exigente e indignada com o papel de apenas coadjuvante, eles chegaram à final do Carioca de 2020 e 2021, perdendo para o Flamengo, mas voltaram a disputar títulos, que passaram a vir em 2022 (dois estaduais e agora a Libertadores).
E mais importante, a fazer campanhas relevantes no Brasileirão que garantiram o retorno à Libertadores em 2021, 2022 e 2023. E assim, a cada ano, o Fluminense mudou de patamar à medida que apostou em contratações de medalhões sem custo e no retorno de Fernando Diniz.
O treinador, aliás, é um outro símbolo dessa mudança no Fluminense nos últimos anos. Demitido no meio de 2019, já com Ganso e Nino no time, e com apenas 12 pontos em 15 rodadas no Brasileirão e na zona de rebaixamento, ele chegou para a segunda passagem mais encorpado, assim como o elenco que tinha em mãos. E agora o trio faz história em um clube diferente de quatro anos atrás.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.