Publicado 27/05/2024 07:00
Rio - Nesta segunda, dia 27 de maio, o Fluminense comemora o aniversário de uma das suas maiores conquistas: o Brasileiro de 1984. Zagueiro e capitão do título conquistado em uma decisão caricoa sobre o Vasco, no Maracanã, Duílio, de 67 anos, fez parte de uma geração vencedora, que além desta taça nacional, também foi tricampeã do Campeonato Carioca nos anos de 1980. Ao recordar aquele momento único, o defensor revelou que para que a história pudesse ter sido escrita há 40 anos, algo de diferente teve que acontecer no fim da temporada anterior.
Publicidade"O Fluminense vinha de um Brasileiro ruim em 1983. Fizemos uma viagem para o norte e para o nordeste do Brasil e por mais de 20 dias. O treinador na época era o Cláudio Garcia, e ele perguntou se era isso que a gente queria. Começamos a trabalhar, veio o título do Carioca de 1983, que teve a chegada do Washington e do Assis. Depois em 1984, começamos o ano com o Carbone, e com a saída dele veio o Parreira e depois o Romerito chegou. Com o tempo, fomos acreditando na possibilidade, fomos evoluindo jogo a jogo e a equipe provou seu valor", afirmou em entrevista ao Jornal O Dia.
Carlos Alberto Parreira comandou o Fluminense naquela conquista histórica. Dez anos depois, ele levaria a seleção brasileira ao tetracampeonato mundial na Copa disputada nos Estados Unidos. Duílio fez muitos elogios ao ex-treinador e citou que o legado dele permanece no esporte até os dias atuais.
"Até hoje a gente consegue ver em jogos o que o Parreira fazia com a gente. Muita repetição nos treinos, tanto de pontos defensivos, de meio-campo e ataque. Nós éramos uma equipe vertical. Sempre que roubávamos a bola tentávamos contra-atacar rápido. Quando a gente tinha a bola, também sabíamos dosar bem com as bolas nos pés. O trabalho começou com o Cláudio Garcia, depois tivemos o Carbone, e depois o Parreira. Todos contribuíram bastante para os títulos que conquistamos", opinou.
O elenco campeão brasileiro pelo Fluminense em 1984 teve peças de talento inegável como Branco, Ricardo Gomes, Romerito, Assis e Washington. Porém, além das individualidades, aquela equipe recebia muitos elogios pela qualidade tática que apresentava em suas partidas.
"Acredito que foi sim a equipe taticamente mais forte que o Fluminense já teve. Tinha uma organização tática impecável, o Parreira montou aquilo que ele achava que era o ideal para aquela equipe. A chegada do Romerito nos tornou mais forte, encaixou como uma luva. Nossa equipe era muito bem encaixada e homogênea. A gente tinha a percepção de cada companheiro quase que de "olhos fechados". Quando havia alguma mudança a equipe não sentia muito. E individualmente também era um grupo incrível, com jogadores que foram da seleção brasileira e que tinham um nível individual muito alto. Não conquistamos os títulos por acaso, eu vejo como uma das maiores equipes de todos os tempos", contou.
Além do título do Brasileiro, o Fluminense conseguiu um domínio no futebol do Rio de Janeiro por três anos, inclusive, em uma década em que o Flamengo teve a equipe que é considerada a maior de sua história. Duílio reforçou a importância das conquistas estaduais que o Tricolor obteve nos anos de 1980.
"Hoje em dia tentam menosprezar os títulos do Estaduais, que é onde nascem e crescem as rivalidades entre os torcedores. Eu acho que eles precisam ser mais bem elaborados. Existe uma variação grande do nível técnico e em muitos Estaduais as equipes com mais investimentos são beneficiadas. Em 1984, com o Brasileiro, a Libertadores não era tão propagada. Inicialmente, foi considerado o primeiro título, mas posteriormente com todo o mérito, a conquista de 1970 foi colocada também como Brasileiro. Então foi uma conquista muito importante, assim como os estaduais que levantamos", disse.
Ao relembrar a campanha, o capitão do bicampeonato citou uma atuação especial, que em sua opinião foi a mais marcante para o título. Duílio convidou os fãs de futebol a assistirem a partida entre Fluminense e Corinthians, válida pela semifinal do Brasileiro de 1984.
"Foram muitos jogos marcantes, mas acredito que o primeiro jogo da semifinal contra o Corinthians, em São Paulo, foi a partida mais marcante. Na época, a nossa atuação foi considerada a melhor e mais perfeita taticamente do futebol brasileiro pelos críticos e comentaristas. Até hoje quem aprecia um bom futebol e puder chegar na Internet e observar essa partida vai ganhar duas horas. A nossa vitória não veio por acaso, mas foi fruto de muito trabalho e de uma atuação perfeita da nossa equipe", afirmou.
Além da participação dentro de campo, Duílio teve a oportunidade de levantar o título do Brasileiro de 1984. O ex-zagueiro relembra o momento com muito orgulho e satisfação.
"Não tem como descrever minha passagem pelo Fluminense, fui capitão até o dia que sai. Ter sido capitão de uma conquista como o Brasileiro não tem explicação. É algo além de um prazer. Lutamos, brigamos e conquistamos. É um momento que coroa um trabalho que foi feito durante muito tempo. Como capitão eu tenho muito orgulho daquele grupo, que foi extremamente qualificado e que lutou muito por aquela conquista", finalizou.
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