Pedrinho é o sucessor de Jorge Salgado na presidência do VascoMatheus Lima/Vasco.
Publicado 08/06/2024 16:33
Rio - O ex-presidente do Vasco, Jorge Salgado, divulgou neste sábado (8), através de uma rede social, um longo comunicado explicando alguns pontos da venda de 70% das ações da SAF para a 777 Partners, realizada em setembro de 2022. Segundo o ex-mandatário, a empresa norte-americana foi a única que aceitou as condições impostas pelo clube na negociação e acenou com uma proposta. Ele afirmou que o fato de São Januário ter ficado fora da transação afastou outros interessados.
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"As premissas básicas da negociação foram estabelecidas na largada, respeitando as características do Vasco: (i) aporte significativo pelo investidor (R$ 700 milhões), em até 4 anos, para permitir a retomada da competitividade esportiva; (ii) assunção, pela SAF, da dívida histórica contabilizada do CRVG (em até R$ 700 milhões), para equalizar o passivo que asfixiava o clube há 20 anos; (iii) CRVG permaneceria com relevante participação na SAF (30%); (iv) CRVG permaneceria com a propriedade de São Januário, que deveria ser utilizado pela SAF; (v) investimentos significativos em infraestrutura, sobretudo nos CTs; (vi) orçamento do futebol em montante expressivo, para permitir a retomada da competitividade do futebol vascaíno; e (vii) Vasco SAF seria um flagship do grupo investidor, devendo ser tratado de forma condizente com a grandeza histórica do clube. Iniciado o processo e realizadas conversas com alguns potenciais investidores, a 777 foi a única que aceitou as premissas básicas, avançou nas negociações e fez uma oferta concreta", afirma Salgado no manifesto.
Salgado também recordou o empréstimo pessoal que fez ao clube em 2021, com "valor expressivo a juros fixos inferiores ao praticado no mercado", que somavam R$ 26 milhões, segundo o balanço daquele ano. Ele afirma que recebeu parcelas atrasadas do acordo que fez como credor em 2022, logo após o o empréstimo-ponte da 777 de R$ 70 milhões. No entanto, alega ter devolvido o valor integralmente aos cofres do clube três meses depois, devido ao transfer ban de dívida com o atacante Maxi Lopez.
"Resolvida a questão e o problema de fluxo de caixa, o valor foi retornado. Até hoje, recebi apenas 23% do valor do empréstimo, sendo que o vencimento original já passou e o empréstimo já deveria ter sido quitado. O meu empréstimo foi aprovado pelo Conselho Deliberativo, inclusive as condições de pagamento. Na reunião de aprovação, todos me elogiaram e agradeceram minha demonstração de vascainísmo, ao ajudar o clube num momento difícil. Poucas semanas depois, já estavam me chamando de agiota novamente", justificou.
O ex-mandatário vascaíno também criticou a gestão do presidente Pedrinho pela ação judicial que tirou, através de uma liminar, a 777 do comando do futebol. Segundo ele, a justificativa de evitar penhora das ações da SAF é "parte de equívoco conceitual" do ex-jogador.
"Nesse caso, como eles já pagaram R$ 310 milhões (equivalente a 31% da participação de 70% negociada com o investidor), eles seriam diluídos a 31% após a emissão de novas ações da SAF subscritas pelo CRVG – que passaria a ter 69% de participação na SAF e, portanto, retomaria o controle da companhia", explicou o ex-presidente.
"Pouco importaria, portanto, se um credor da 777 penhorasse as ações da SAF, pois, ainda assim, o credor teria que fazer o aporte de setembro de 2024 – caso contrário, aquelas ações penhoradas seriam diluídas a 31% de participação no capital social da SAF. Além disso, esse hipotético credor teria que cumprir com todas as obrigações e proteções à SAF e ao CRVG previstas no acordo de acionistas e no estatuto social da SAF, dentre as quais as matérias qualificadas que exigem o voto afirmativo do CRVG", completou.
Na opinião de Salgado, a retomada de controle da SAF por parte da 777 nos termos acordados entre as partes em contrato é legítima e permitiria ao Vasco "buscar um novo investidor e obrigar a 777 a vender seus 31% restantes nas mesmas condições negociadas pelo CRVG com o novo investidor".
"Importante lembrar que o mecanismo do bônus de subscrição foi esclarecido no parecer da Comissão Especial do Conselho Deliberativo que analisou os documentos da operação da SAF e recomendou sua aprovação. Muitos daqueles que compunham aquela comissão estão hoje na atual gestão", declarou Jorge Salgado.
"Pelo que veiculado na imprensa, antes de o CRVG propor a ação judicial, a 777 já estava negociando a venda de sua participação na SAF. Nessa hipótese, como condição para a transferência das ações, o novo acionista teria que pagar não apenas o aporte de 2024 (cerca de R$ 300 milhões, com atualização), mas também o aporte de 2025 (cerca de R$ 130 milhões, com atualização). Caso contrário, não poderia receber as ações da SAF e se tornar acionista. Seriam R$ 430 milhões no caixa da SAF, de uma só vez. A opção pelo embate judicial é preocupante, pois, além de dar motivos para o não pagamento do aporte de setembro de 2024 (caso mantida a atual situação até lá), gerou um clima de instabilidade institucional e de insegurança jurídica que acaba por afugentar possíveis novos investidores", acrescentou.
Ao fim do longo manifesto, Jorge Salgado reforçou que a liminar obtida pelo associativo anula os efeitos do contrato e fez um apelo para que a parte confidencial do acordo seja divulgada.
"Eu, pessoalmente, não tenho nada contra. Por mim, seria até bom, para acabar de vez com essas narrativas maldosas e politiqueiras. A confidencialidade é uma condição negocial típica não só dos contratos de fusões e aquisições, mas de qualquer contrato comercial. O seu objetivo é preservar estratégias comerciais das partes. É por isso, por exemplo, que os clubes não publicam contratos com patrocinadores ou os contratos de cessão de direitos de transmissão - disse Salgado, provocando a diretoria de Pedrinho a abrir os contratos assinados por sua antiga gestão."
"A decisão liminar que tirou da 777 o controle da SAF suspendeu os efeitos dos contratos. Com isso, tornou sem efeito, também, a obrigação de confidencialidade. A rigor, o CRVG poderia publicar os contratos na íntegra. Por que o CRVG não publica os contratos, se não está mais sujeito à obrigação de confidencialidade? Imagino que a publicação poderia causar insegurança em eventuais novos investidores; porém, se entendem que não, fica aqui o meu apelo pessoal: publiquem os contratos!", finalizou.
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