Paris - A capital francesa viveu nesta terça-feira um dia de violentos protestos. Mais de 200 manifestantes foram presos durante choques com a polícia na manifestação de 1º de Maio em Paris. Os confrontos ocorreram no início da passeata convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT) contra as reformas do presidente Emmanuel Macron. Perdendo força, os sindicatos tentam relançar a onda grevista iniciada há três semanas.
Os choques aconteceram na região de Austerlitz, leste da capital, quando a marcha de sindicalistas se preparava para partir. Um grupo de 1,2 mil black blocs se posicionou à frente da manifestação com faixas anarquistas. Encapuzados, eles partiram para cima da polícia, atacaram lojas e incendiaram carros.
A polícia respondeu com gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar a multidão. Um balanço parcial divulgado nesta terça-feira indicou que quatro pessoas ficaram feridas, entre as quais um policial, Mais de 200 manifestantes foram presos.
À noite, os confrontos prosseguiram, desta vez no célebre Quartier Latin, centro histórico de Paris, onde grupos de black blocs organizaram barricadas. O grau de violência chocou a opinião pública francesa e levou o ministro do Interior, Gérard Collomb, a prometer uma "reação dura" contra os vândalos.
O chefe da polícia de Paris, Michel Delpuech, convocou a imprensa para explicar as razões pelas quais as forças de ordem demoraram a agir - segundo ele, por razões de segurança. "Havia pelo menos mil pessoas entre os black blocs e a polícia", disse. "Não poderíamos intervir sem risco de danos colaterais."
O secretário-geral da CGT, Philippe Martinez, acusou o governo de não saber lidar com os black blocs, que teriam roubado o protagonismo dos sindicatos. "Evidentemente, condenamos a violência, mas faz dois anos que isso acontece", disse. "Os incidentes escondem os verdadeiros problemas."
Em meio a uma onda de greves, a CGT convocou 240 manifestações nesta terça na França, incluindo capitais regionais como Nantes, Grenoble, Lyon, Lille, Estrasburgo, Toulouse e Marselha. De acordo com o Ministério do Interior, 143,5 mil pessoas participaram das passeatas - 210 mil, segundo os organizadores.
O principal objetivo é pressionar Macron a ceder na reforma do setor ferroviário. Mas, iniciadas há três semanas, as greves vêm perdendo adesão e sindicatos e partidos de esquerda não se entendem sobre uma frente única de mobilização contra o governo. O resultado é que as reformas de Macron continuam avançando no Parlamento.
Falando da Austrália, onde estava em visita oficial, Macron rebateu as críticas dos sindicatos. "Meu temperamento não é o de me esconder do que quer que seja", afirmou. O presidente ainda garantiu que os culpados pelo vandalismo serão detidos. "Condeno a violência que desvirtua as marchas de 1.º de Maio. Tudo será feito para que seus autores sejam identificados e punidos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.