Membros de partidos de esquerda e organizações sociais exibem um cartaz com a inscrição
Membros de partidos de esquerda e organizações sociais exibem um cartaz com a inscrição "Macri = Fome", bloqueando a ponte Pueyrredon em Buenos AiresJuan Mabromata/ AFP
Por AFP
Buenos Aires - O presidente argentino enfrenta nesta quarta-feira a quinta greve geral de seu mandato. A paralisação acontece em meio à campanha eleitoral, na qual Mauricio Macri tenta a reeleição, e sob pressão pela crise econômica, com inflação de quase 50% e aumento da pobreza.

Convocada pelas principais centrais sindicais, a greve paralisou o metrô de Buenos Aires, assim como os trens, ônibus e o transporte de carga, além das escolas e universidades e os bancos. Os hospitais atendem apenas emergências. No início da manhã, as ruas estavam praticamente vazias, com poucos estabelecimentos comerciais abertos.
Sindicatos argentinos servem 'locro', ensopado típico da Argentina, durante uma greve geral de 24 horas para exigir medidas contra a inflação - Juan Mabromata/ AFP
"A população é refém da existência ou não do transporte. Vimos isto na paralisação anterior, durante a qual o transporte funcionou e as pessoas compareceram em massa ao trabalho", reclamou o ministro dos Transportes, Guillermo Dietrich.

Os sindicatos não anunciaram passeatas, mas grupos de esquerda organizaram bloqueios em estradas, nas vias de acesso à capital. A polícia foi mobilizada para evitar o bloqueio total do trânsito.
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Manifestação na ponte Pueyrredon em Buenos Aires em 29 de maio de 2019, como ativistas de partidos de esquerda demonstram durante uma greve geral de 24 horas - Juan Mabromata/ AFP
"A paralisação será efetiva porque as exigências não recebem resposta nem atenção do governo", declarou Hugo Moyano, do poderoso sindicato dos caminhoneiros.

Os sindicatos desejam aumentos salariais alinhados com o índice inflacionário de 55% por ano e protestam contra o aumento do desemprego, que em 2018 fechou com índice de 9,1%. A pobreza afeta 32% da população.
Ativistas e organizações sociais bloqueiam a ponte Pueyrredon em Buenos Aires em 29 de maio de 2019 durante uma greve geral de 24 horas convocada por sindicatos - Juan Mabromata/ AFP
Esta é a quinta greve geral que Macri enfrenta desde que assumiu a presidência em dezembro de 2015 com a coalizão de centro-direita Mudemos. 
A paralisação mais recente aconteceu em 30 de abril.

A Argentina entrou em recessão em 2018, após duas corridas cambiais que provocaram o aumento da inflação e levaram o governo de Macri a assinar um acordo para receber ajuda de 56 bilhões de dólares do Fundo Monetário Internacional (FMI).
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Presidente argentino Mauricio Macri, sua esposa, Juliana Awada, a vice-presidente Gabriela Michetti e membros do gabinete - AFP photo/ Presidência da Argentina/ Ho
Em troca, a Argentina se comprometeu a alcançar o equilíbrio fiscal em 2019 e superávit em 2020. O plano de ajuste é rejeitado pelos sindicatos.

Macri está caindo nas pesquisas para as eleições de outubro, enquanto a ex-presidente Cristina Kirchner cresce, alvo de uma dezena de processos judiciais por acusações de corrupção. Ela decidiu não disputar a presidência, optando pela candidatura à vice-presidência na chapa de seu ex-chefe de gabinete Alberto Fernández.