"Está claro que esse ataque estava dirigido contra uma maternidade, com o objetivo de matar as mães a sangue frio", denunciou a MSF, em um comunicado publicado na quinta-feira à noite, referindo-se ao ataque cometido na última terça e que causou 24 mortes - incluindo bebês, mulheres e enfermeiras - e deixou pelo menos 20 feridos.
Nenhum grupo assumiu a autoria do ataque, mas os Estados Unidos responsabilizaram o grupo extremista Estado Islâmico (EI).
No momento do ataque, que durou quatro horas, havia 26 mulheres hospitalizadas na maternidade Dasht-e-Barshi, situada no oeste de Cabul, afirmou a MSF. "Onze foram mortas, três estavam na sala de parto prestes a dar à luz, e cinco ficaram feridas", acrescentou a organização. "Entre os mortos, estão dois rapazes jovens e uma parteira afegã que trabalhava com MSF. Dois recém-nascidos ficaram feridos", acrescentou MSF, observando que um bebê foi baleado na perna.
Os agressores entraram no hospital pela porta principal e foram diretamente para a maternidade, segundo a equipe da MSF que presenciou o ataque. "Infelizmente, a violência contra a população é muito comum no Afeganistão. Mas faltam palavras para expressar o horror do que aconteceu na terça-feira", acrescentou Bonnot.
De acordo com as autoridades afegãs, os três agressores foram mortos pelas forças do governo.
O bairro em que o edifício administrado pela Médicos sem Fronteiras está localizado é habitado pela minoria xiita hazare, alvo frequente de ataques do braço afegão do grupo EI nos últimos anos.
O governo afegão acusou o EI e os talibãs, embora este último tenha negado qualquer participação.
Pelo Twitter, o enviado americano para o Afeganistão, Zalmay Khalilzad, acusou diretamente o Estado Islâmico.
Segundo o enviado, o EI "favorece esse tipo de ataque odioso contra civis", "se opõe a um acordo de paz" entre o Executivo afegão e os talibãs e "tenta incentivar uma guerra sectária, como no Iraque e na Síria".
"Hospitais e equipes médicas não deveriam ser atacados. Pedimos a todas as partes que parem com esses ataques", pediu o vice-ministro da Saúde, Waheed Majroh.