Rastro de foguete disparado contra Israel é visto no céu da Faixa de GazaMohammed Abed / AFP

As forças de Israel e grupos armados palestinos na Faixa de Gaza entraram em conflito nesta quinta-feira (23), com lançamentos de foguetes e mísseis, um dia depois da operação israelense mais letal na Cisjordânia desde 2005.
Onze palestinos, incluindo um adolescente de 16 anos, morreram na quarta-feira (22) e mais de 80 foram feridos por tiros durante a incursão israelense em Nablus, segundo o Ministério da Saúde palestino.
Em um roteiro recorrente, a operação recebeu uma reposta a partir da Faixa de Gaza, com disparos de foguetes contra o território de Israel, que em seguida optou por bombardeios aéreos contra a região sob controle do movimento islamita Hamas.
Inicialmente não foram registradas vítimas neste conflito, que ocorre quase dois meses após a posse de um novo governo em Israel, considerado o mais direitista da história do país.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu elogiou o desempenho das forças israelenses e prometeu "atacar com força o terrorismo" após a operação em Nablus.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou que a situação é "a mais explosiva em anos" no território ocupado por Israel desde 1967.
"Nossa prioridade imediata deve ser evitar uma nova escalada, reduzir as tensões e restaurar a calma", disse Guterres, adicionando que o representante da ONU, Tor Wennesland, viajou para a Faixa de Gaza nesta quinta-feira.
Danos da operação israelense
O ministério palestino indicou que as vítimas mortais tinham entre 16 e 72 anos. A Cova dos Leões, um grupo armado em Nablus, disse que seis dos mortos eram membros de diferentes facções palestinas.
Além disso, o ministério afirmou que 82 pessoas foram baleadas e, de acordo com o Crescente Vermelho Palestino, 250 pessoas foram tratadas por inalação de gás.
"O que aconteceu em Nablus ontem foi um verdadeiro massacre como nunca vi antes", declarou à AFP Allam Ennab, cujo irmão Anan, de 66 anos, morreu durante a noite devido à inalação de gás lacrimogêneo.
Qassem Daghlas, diretor do hospital Rafidia de Nablus, disse que quatro feridos ainda estão em tratamento intensivo.
Segundo o diretor da unidade, Talaat Ziada, o paciente mais novo era um menino de 11 anos que foi baleado no estômago e na perna. "Corredores e escadas estavam cobertos de sangue e as pessoas se espremiam para ver como estavam seus familiares", disse ele.
O ministro palestino de Assuntos Civis, Hussein al-Sheikh, denunciou um "ato criminoso premeditado e bárbaro" e pediu à comunidade internacional uma intervenção imediata.
O Exército israelense afirmou que a incursão foi uma operação "antiterrorista" contra suspeitos envolvidos em ataques armados na Cisjordânia e que neutralizou três deles.
De acordo com o Exército, seus homens foram atingidos por pedras, artefatos explosivos e coquetéis molotov, mas não sofreram baixas.
Em Nablus e outras cidades da Cisjordânia, além de Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel, as lojas fecharam nesta quinta-feira devido a uma greve geral.
Operações "antiterroristas"
Desde o início do ano, o conflito já matou 61 palestinos (incluindo membros de grupos armados e civis, entre eles menores de idade), um policial e nove civis israelenses (incluindo três menores) e uma mulher ucraniana, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais de ambos os lados.
Nesta quinta-feira, o ministério da Saúde palestino anunciou a morte de um homem de 30 anos baleado no início de fevereiro em Jenin, no norte da Cisjordânia.
A tensão também se deslocou para Gaza. Na madrugada desta quinta-feira, seis foguetes foram disparados do território para Israel, cinco deles interceptados pelo sistema antiaéreo, disse o exército israelense.
Os disparos foram reivindicados pelo grupo palestino Jihad Islâmica.
Por sua vez, Israel executou ataques aéreos contra vários alvos em Gaza, incluindo "uma fábrica de produção de armas" e um "campo militar" pertencente ao Hamas.
As forças israelenses executam há quase um ano operações apresentadas como "antiterroristas" em busca de "suspeitos" na Cisjordânia, principalmente em Jenin e Nablus, redutos de grupos armados.