Buyuknacar está situado acima de uma falha geológica, a apenas 25 quilômetros de Pazarcik, o epicentro do tremor de magnitude 7,8Eylul YASAR / AFP)

Ao chegar a Buyuknacar é possível observar roupas e louças espalhadas pelo chão, mas também tendas e lonas de plástico que recordam o trágico destino deste vilarejo turco devastado pelo terremoto de 6 de fevereiro, que matou 46 mil pessoas na Turquia e 6 mil na Síria. Segundo sobreviventes, eles achavam que "as casas aguentariam" os abalos sísmicos.

Na área rural localizada a 1.450 metros de altitude no sul da Turquia, 120 de seus 2 mil habitantes morreram em decorrência dos tremores. "Tentei me levantar, mas não conseguia andar, caí", relembra Ziya Sütdelisi, então administrador do vilarejo.

Buyuknacar está situado acima de uma falha geológica, a apenas 25 quilômetros de Pazarcik, o epicentro do tremor de magnitude 7,8.

"Sempre nos disseram que nosso solo era sólido. Ninguém nunca nos alertou", contou o homem, de 53 anos, apesar do fato de que a região de Kahramanmaras é conhecida, como grande parte da Turquia, por sua extrema exposição a abalos sísmicos.

"Em Kahramanmaras ou Pazarcik, sabíamos disso. Mas aqui, pensávamos que as casas aguentariam. (...) E em segundos, tudo desmoronou", confirma sua esposa, Kiymet.

No bairro onde moram, 90 casas desabaram após o terremoto. As que ainda estão de pé precisaram ser evacuadas devido aos grandes danos estruturais.

No último domingo, 5, os moradores relembraram aquela noite de terror absoluto em que uma "onda que saltou pela cidade", acompanhada de "estrondosas explosões", como se "dez trens passassem pela cidade ao mesmo tempo".

Bombardeio 
"As crianças pensavam que era uma guerra e que estávamos sendo bombardeados", contou Nurten Morgul, que vive no local há 19 anos.

As casas, algumas centenárias, desapareceram, deixando um caos de pedras, tábuas, lajes de concreto e chapas metálicas.

Grandes pedras de montanhas próximas também caíram em cima dessas residências. Algumas continuam ameaçadas a cada novo tremor. "Alguém tem que vir nos proteger disso", desabafa Ziya.

"Agora serão feitos testes de solo e, com base nos resultados, o Estado tomará uma decisão. Talvez tenhamos que nos mudar. Alguns quilômetros a frente podem fazer toda a diferença", diz o administrador.

O governo turco está instalando quatro casas de contêineres, com portas e janelas, para servir de abrigo aos idosos do vilarejo.

"Talvez, se os estudos forem positivos, possamos ficar aqui", suspira Hulya Morgul. "Temos tudo, água, lenha, estamos melhor aqui do que na cidade", diz.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan prometeu reconstruir rapidamente as áreas afetadas, além de realizar um levantamento sobre o terreno e "realocar" as casas para estarem mais próximas às montanhas, o que, segundo ele, garantiria maior segurança aos moradores.