Janet Yellen, secretária de Tesouro dos EUA, afirmou que o governo quer resgatar o SVB, mas, sim, evitar o 'contágio' financeiro a outros bancosAFP

Washington - A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou neste domingo, 13, que o governo quer evitar o "contágio" financeiro após a falência do Silicon Valley Bank (SVB), mas descartou um resgate da instituição.

"Queremos garantir que os problemas que existem em um banco não criem um contágio para outros que são sólidos", disse Yellen durante uma entrevista ao canal CBS.

A Agencia Federal de Garantia de Depósitos (FDIC), um braço do governo, assumiu o controle do SVB na sexta-feira, quando o banco estava à beira da implosão sob o efeito dos saques em massa de seus clientes.

Se até o momento os grandes bancos escaparam, várias instituições de médio porte ou regionais anunciaram a saída da Bolsa na sexta-feira.

Este foi o cenário do First Republic Bank da Califórnia, que registrou queda de quase 30% nas sessões de quinta-feira e sexta-feira, e do Signature Bank, exposto às criptomoedas e que perdeu um terço de seu valor desde a noite de quarta-feira.

Os dois bancos têm em sua carteira de clientes uma grande proporção de empresas cujos depósitos geralmente superam o valor máximo assegurado pela FDIC, de quase US$ 250 mil dólares por cliente, o que pode pressioná-los a sacar seus fundos. Praticamente 96% dos depósitos do SVB não têm garantia de reembolso da FIDC.

"Eu tenho certeza de que eles (FDIC) estão considerando uma ampla gama de opções disponíveis, que incluem aquisições", disse a secretária do Tesouro.

O senador democrata Mark Warner, da Virginia, afirmou ao canal ABC que o anúncio de uma oferta pública de aquisição do SVB por parte de uma entidade financeira antes da abertura dos mercados asiáticos na segunda-feira "seria a melhor solução".

Os contratos futuros sobre os índices emblemáticos das Bolsas de Tóquio e Hong Kong apontam para uma queda de 2% na abertura na segunda-feira.

LIÇOES DA CRISE DE 2008
Yellen afirmou que as reformas adotadas após a crise financeira de 2008 fecham a porta para um resgate do SVB. "Durante a crise financeira, alguns investidores e proprietários de grandes bancos foram resgatados... e as reformas implementadas significam que não voltaremos a fazer isto", disse.

Em setembro de 2008, para evitar o colapso do sistema financeiro, o governo americano injetou centenas de bilhões de dólares na maioria das grandes instituições do mercado, fundos que o governo recuperou mais tarde.

Vários analistas, tanto do mundo econômico quanto das novas tecnologias, defendem o resgate do SVB. Muitos afirmam que também estão preocupados com a estabilidade do sistema bancário, devido às consequências da falência do banco do setor de tecnologia.

O SVB se gabava de que "quase metade" das empresas de tecnologia e ciências biológicas com financiamento de investidores nos Estados Unidos tinham tinham contas com o banco.

"Muitos clientes são pequenas empresas que dependem do acesso a seus fundos para pagar as contas e empregam dezenas de milhares de pessoas em todo o país", disse Yellen.

"É um problema e estamos trabalhando com os reguladores para encontrar uma solução", acrescentou.

Neste domingo, o ministro das Finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt, disse que o colapso do SVB representa um "grave risco" para o setor de tecnologia britânico.

Vários empresários também alertaram nas últimas horas para uma possível onda expansiva que afete as start-ups de tecnologia indianas, algumas delas clientes do SVB.

A crise provocada pela situação do SVB também atinge as criptomoedas. A moeda digital USDC, que se declara "estável" porque em tese está vinculada ao dólar, registra desvalorização desde sexta-feira, depois que a empresa que a criou, Circle, anunciou que mantém US$ 3,3 bilhões no SVB e abandonou sua paridade com a moeda americana.

Outras "moedas estáveis", que supostamente protegem os investidores em criptomoedas contra a volatilidade do setor, também foram afetadas, como a Dai ou a USDD.