suspeitos são acusados de importação de drogas em quadrilha organizada, tráfico de drogas, lavagem em quadrilha organizada, associação criminosa, entre outros crimesAFP

A Justiça francesa ordenou a prisão preventiva de 11 das 12 pessoas, entre eles um funcionário da alfândega do aeroporto, acusadas de tráfico de drogas com o México, informou uma fonte judicial à AFP nesta segunda-feira, 13.

"Onze foram colocados em prisão preventiva, incluindo (um) funcionário da alfândega, enquanto o 12º foi submetido a controle judicial", disse uma fonte judicial à AFP.

Os suspeitos são acusados de importação de narcóticos e lavagem de dinheiro em quadrilha organizada, tráfico de narcóticos, associação criminosa, corrupção e crimes relacionados com armas, segundo a fonte.

Diante da apreensão "histórica" de 156,7 toneladas de drogas, incluindo 27,7 toneladas de cocaína, em 2022, a França transformou a luta contra o tráfico de drogas a "mãe de todas as batalhas".

Embora 75,4% das drogas cheguem por via marítima, 17,1% da cocaína chega por avião, como neste último caso, revelado pelo jornal Le Parisien, que se debruça sobre uma suposta conexão de tráfico entre o México e o sul de Paris.

O funcionário da alfândega do aeroporto de Roissy, ao norte de Paris, teria recebido 45 mil euros (US$ 48 mil) por "fechar os olhos" e por uma mala procedente do México, segundo a fonte próxima ao caso.

"Cada mala continha entre 40 e 60 quilos de cocaína", e sua frequência era de uma ou duas por semana, especificou.

Segundo Le Parisien, os traficantes de drogas teriam lançado um sistema de passageiros fantasmas. Eles eram registrados antes do voo, mas nunca embarcavam no avião — ao contrário das malas com drogas.

O fiscal da alfândega teria, inclusive, desfilado nos Campos Elíseos em 14 de julho de 2022, por ocasião do feriado nacional francês, por ter participado de uma grande apreensão de cocaína, segundo a fonte próxima ao caso.

Mais de 70 quilos de cocaína confiscados 
Segundo fonte próxima à investigação, 13 pessoas foram inicialmente colocadas sob custódia policial na última quarta-feira, 8, no conflituoso bairro de "Grande-Borne", localizado a cerca de 20 quilômetros a sul de Paris.

Três irmãos conhecidos do bairro controlavam e teriam enriquecido com este tráfico, acumulando bens na África e em Dubai, sublinhou.

A rede pode obter "até 400 mil euros (US$ 427 mil) de lucros semanais", disse esta fonte. A polícia apreendeu "70 quilos de cocaína e de armas".

Entre os detidos, estavam o funcionário da alfândega — um ex-militar de 35 anos — e um funcionário da empresa ferroviária SNCF.

O ministro das Contas Públicas, Gabriel Attal, pediu na sexta-feira "a maior firmeza", após saber da detenção dois dias antes do funcionário da alfândega.

O consumo de cocaína produzida na América Latina dispara na Europa, destino privilegiado atualmente pelos traficantes, em detrimento dos Estados Unidos.

Testemunho desse aumento, inúmeros pacotes de cocaína fechados apareceram entre o final de fevereiro e o início de março nas praias do noroeste da França. As autoridades, que investigam a origem dessas remessas, recolheram mais de 2 toneladas de cocaína.