No dia 26 de setembro de 2022, cientistas conseguiram, pela primeira vez, desviar a rota de um asteroide por meio da colisão de uma nave espacial. Foi a primeira missão de teste de defesa planetária já realizada na história.
Nesta terça-feira (21), cerca de seis meses depois, astrônomos divulgaram resultados de novos estudos acerca das consequências do impacto da sonda da Nasa com o asteroide duplo denominado Dimorphos.
O choque aconteceu a uma distância de cerca de 11,3 milhões de quilômetros da Terra. As novas pesquisas acerca do teste foram desenvolvidas a partir de imagens produzidas pelo Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul (ESO) e que está instalado no Chile.
Algumas das descobertas relacionadas à missão DART (Teste de Redirecionamento Duplo de Asteroides) foram realizadas pelo grupo liderado por Stefano Bagnulo, astrônomo do Observatório e Planetário de Armagh, no Reino Unido. Eles analisaram como o impacto do DART alterou a superfície do asteroide.
“Quando observamos os objetos do nosso Sistema Solar, estamos olhando para a luz solar que é espalhada por sua superfície ou por sua atmosfera, que fica parcialmente polarizada”, explica Bagnulo, em comunicado. Isso significa que as ondas de luz oscilam ao longo de uma direção determinada, em vez de aleatoriamente, e isso pode revelar qual a composição do corpo celeste.
Os cientistas do Reino Unido identificaram uma brusca redução no nível de polarização após a colisão e, ao mesmo tempo, houve um aumento do brilho do sistema de rochas espaciais. Uma possível explicação é que o impacto expôs mais material primitivo e brilhante do interior do asteroide.
Outra possibilidade é que o impacto destruiu partículas na superfície, ejetando partículas muito menores na nuvem de detritos. “Sabemos que, em certas circunstâncias, fragmentos menores são mais eficientes em refletir a luz e menos eficientes em polarizá-la”, explicou Zuri Gray, aluno de doutorado também no Observatório e Planetário de Armagh.
Nuvem formada por partículas muito finas
Outras descobertas foram feitas pela equipe de Cyrielle Opitom, astrônoma da Universidade de Edimburgo e principal autora de um dos artigos.
Análises realizadas pelo seu grupo de pesquisa mostraram que a nuvem de poeira ejetada após a colisão da sonda com o corpo celeste era mais azul do que o próprio asteroide antes do impacto, indicando que a nuvem poderia ser formada de partículas muito finas.
Nas horas e dias que se seguiram ao impacto, outras estruturas se desenvolveram, como aglomerados, espirais e uma longa cauda empurrada pela radiação solar. As espirais e a cauda eram mais vermelhas que a nuvem inicial e, portanto, podiam ser feitas de partículas maiores.
A equipe de Opitom também buscou encontrar oxigênio e água provenientes do gelo emitido pelo impacto. Contudo, não obtiveram êxito. Também não foi possível encontrar vestígios do propulsor da espaçonave DART.
“Sabíamos que era um tiro no escuro, pois a quantidade de gasolina que sobraria nos tanques do sistema de propulsão não seria enorme. Além disso, parte dele teria viajado muito longe para detectá-lo com o MUSE no momento em que começamos a observar", pontuou.
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