Joe Biden deu sinal verde para a criação de um tribunal para julgar crimes cometidos pela Rússia desde a invasão da UcrâniaAFP

Washington - Os Estados Unidos apoiaram, nesta terça-feira, 28, os apelos para a criação de um tribunal especial para julgar a "agressão" da Rússia contra a Ucrânia. A sugestão já havia sido proposta pela União Europeia.
"Os Estados Unidos apoiam o estabelecimento de um tribunal especial para o crime de agressão contra a Ucrânia na forma de um tribunal internacional com base no sistema judicial ucraniano, mas que também inclua elementos internacionais", disse um porta-voz do Departamento de Estado americano.
"Prevemos que um tribunal deste tipo conte com um importante apoio internacional, em particular dos nossos parceiros europeus, e que o ideal seria que estivesse localizado em algum país da Europa", acrescentou.
O pronunciamento de Washington ocorre dias depois de o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitir um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, pelo crime de guerra de "deportar" crianças ucranianas no âmbito da ofensiva de Moscou na Ucrânia.
A Rússia, por sua vez, não reconhece a jurisdição do TPI. O tribunal só tem o poder de julgar crimes de guerra e os cometidos contra a humanidade na Ucrânia, e não o "crime de agressão" cometido por Moscou e atribuído a seus altos dirigentes.
Na segunda-feira, a enviada dos Estados Unidos para a Justiça Internacional, Beth Van Schaack, disse que o país deseja que o TPI reúna financiamento e uma equipe internacional.
"Acreditamos que um tribunal internacionalizado baseado no sistema judicial ucraniano, mas que também inclua elementos internacionais (...) oferecerá a melhor chance" para que a justiça seja feita, disse em um discurso na Universidade Católica dos Estados Unidos.
Esta é a primeira vez que os EUA, muitas vezes contrários à justiça internacional, apoiam explicitamente a criação de um tribunal para julgar crimes cometidos desde a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
A União Europeia sugeriu a ideia de tal tribunal em novembro de 2022, que foi endossada em janeiro por uma votação do Parlamento Europeu.