Donald Trump também é apontado como o 'regente' do orquestrado ataque ao Capitólio em janeiro de 2021AFP
O tribunal de Nova York abriu uma investigação em 2018 sobre um suposto pagamento de US$ 130 mil (cerca de R$ 666 mil) à estrela pornô Stormy Daniels, pouco antes da eleição presidencial de 2016, para esconder um suposto caso extraconjugal com Trump.
O valor não havia sido declarado nas contas de campanha do candidato republicano, violando as leis eleitorais, e foi registrado como "honorários legais" nos livros de sua empresa com sede em Nova York. Em janeiro deste ano, o promotor democrata de Manhattan, Alvin Bragg, entregou o caso a um grande júri.
Nos Estados Unidos, o grande júri é formado por cidadãos escolhidos por sorteio que têm a responsabilidade de investigar em total sigilo para determinar se há provas suficientes para apresentar acusações formais contra um suspeito.
Depois de ouvir várias testemunhas, em meados de março o grande júri convidou Trump a depor, uma indicação de que estava quase concluindo seu trabalho. O ex-presidente recusou e convocou seus apoiadores a se manifestarem contra uma futura "prisão".
Na quinta, o grande júri se reuniu às 14h (15h no horário de Brasília) com a presença de três promotores encarregados do caso, segundo o "The New York Times".
Após três horas de deliberação a portas fechadas, o júri se mostrou a favor de uma acusação, cujos detalhes ainda não são públicos.
O que vai acontecer nos próximos dias?
Se ele se recusar a comparecer, pode ser preso e depois "extraditado" da Flórida, onde reside, para Nova York, já que cada estado tem seu próprio sistema judicial.
Nesse cenário, o governador republicano da Flórida, Ron DeSantis, disse no Twitter que não cooperaria muito, apesar de a Constituição o proibir de se opor à transferência.
No entanto, de acordo com a imprensa americana, Donald Trump deve concordar em comparecer ao tribunal de Nova York, provavelmente no início da próxima semana.
"Ele será fotografado, suas impressões digitais serão registradas e Trump será apresentado a um juiz que lhe perguntará como ele pretende se defender: ele certamente dirá 'inocente'", explica Carl Tobias, professor de direito da Universidade de Richmond, Virgínia.
E depois?
- Que as acusações sejam retiradas, algo relativamente frequente e que pode ocorrer com a chegada de um novo promotor. No entanto, é improvável que aconteça no caso de Trump, devido ao seu impacto.
- Que o réu chegue a um acordo com os promotores e concorde em se declarar culpado para evitar ir a julgamento e assim obter uma sentença mais leve. Isso é ainda menos provável, visto que Trump repete veementemente que não fez nada de errado.
- Que vá a julgamento. No entanto, deve primeiro seguir vários procedimentos e várias audiências preliminares devem ser realizadas. Mais uma vez, os advogados de Trump provavelmente usarão todas as estratégias possíveis para atrasar os termos.
Isso o impede de se candidatar para um segundo mandato?
Para servir como funcionário público, a Constituição estabelece apenas uma exceção: ter participado de uma "insurreição" ou de uma "rebelião" contra os Estados Unidos.
Trump, que anunciou a candidatura presidencial de 2024 em novembro do ano passado, também é alvo de uma investigação da Justiça federal por seu papel no ataque ao Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021, mas até este momento ele não foi acusado.
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