A cerimônia realizada na sede da Otan, em Bruxelas, oficializou o ingresso da Finlândia ao grupoAFP

Bruxelas - A Finlândia se tornou nesta terça-feira, 4, o membro número 31 da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma ampliação que dobra o tamanho da fronteira da aliança com a Rússia, país que prometeu responder. A Finlândia, cujo ingresso é uma consequência direta da invasão russa ao território da Ucrânia, ofereceu à Otan um contingente de 280 mil soldados e um dos maiores arsenais da artilharia da Europa.
Para o governo russo, a adesão à Otan do país nórdico, com o qual tem 1.300 quilômetros de fronteiras, representa um "agravamento da situação".
A ampliação da Otan é um "ataque a nossa segurança e aos nossos interesses nacionais. Isto nos obriga a adotar contramedidas", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Após a invasão da Rússia em fevereiro de 2022, os países da Otan convidaram formalmente Finlândia e Suécia a aderirem de maneira total à aliança. A Suécia ainda precisa negociar, já que sua candidatura ainda não foi autorizada por Turquia e Hungria.
"O presidente (russo Vladimir) Putin queria fechar a porta da Otan. Agora mostramos ao mundo que fracassou, que as agressões e intimidação não funcionam", afirmou nesta terça-feira o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg.
"A Finlândia agora tem os amigos e aliados mais fortes do mundo", enfatizou.
- Amigos poderosos -
"Declaramos a Finlândia o membro número 31 da Aliança", afirmou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, cujo país é guardião do tratado de fundação da aliança.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, enviou à Finlândia seus "sinceros cumprimentos" pela adesão, enquanto o presidente americano, Joe Biden, disse estar "orgulhoso" em dar boas-vindas à delegação finlandesa.
Para o chefe de governo alemão, Olaf Scholz, a adesão da Finlândia é "uma boa notícia e uma vitória para a segurança transatlântica".
"A era do não alinhamento em nossa história chegou ao fim. Começa uma nova era", afirmou o presidente da Finlândia, Sauli Niinisto, antes do içamento da bandeira do país nórdico na sede da Otan em Bruxelas.
- À espera da Suécia -
A adesão formal da Finlândia à Otan significa que o país está automaticamente protegido pelo famoso Artigo 5 da aliança, que considera um ataque a um dos países membros um ataque contra todos os integrantes.
Durante décadas e apesar de sua história de tensões com a Rússia, a Finlândia optou por ser apenas um país associado da Otan, mas a ofensiva da Rússia na Ucrânia convenceu o país da conveniência de abandonar sua política de não alinhamento automático e buscar a proteção da aliança.
A Suécia, no entanto, terá que esperar principalmente porque Turquia está relutante em dar luz verde para sua adesão, alegando que o país escandinavo concede refúgio a líderes curdos, que considera "terroristas", e a suspeitos de participação na tentativa frustrada de golpe de Estado de 2016.
O ministro turco de Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, tuitou nesta terça uma foto com seu homólogo sueco, indicando que é "essencial uma cooperação efetiva contra o terrorismo".
O governo turco reagiu com fúria, em janeiro, à decisão da Suécia de permitir um protesto de extremistas de direita que queimaram um exemplar do Alcorão em sua embaixada em Estocolmo.
Os países da Otan programaram uma reunião de cúpula em julho na Lituânia. Os diplomatas da aliança esperam que o encontro marque a entrada da Suécia na organização.
Blinken publicou no Twitter uma fotografia ao lado do chefe da diplomacia sueca, Tobias Billstrom, e escreveu que a "Suécia está pronta para aderir à Otan".
O secretário de Estado instou aos governos da Turquia e Hungria a aprovarem "sem demora" a adesão, "para que possamos acolher este país na aliança o mais rápido possível".
O Parlamento da Hungria aprovou por ampla maioria em 27 de março a adesão da Finlândia à Otan. Nesta ocasião, o partido no poder, Fidesz, indicou que o caso da Suécia seria tratado "mais tarde".