Em um dia histórico nos Estados Unidos, Donald Trump foi o primeiro ex-presidente formalmente indiciado no paísAFP

Nova York - Donald Trump compareceu nesta terça-feira, 4, em um tribunal no sul de Manhattan, onde se declarou inocente de 34 acusações. Entre elas, a de ter subornado uma atriz pornô e de falsificar registros de suas empresas. É a primeira vez que um ex-presidente é formalmente indiciado na história dos Estados Unidos. 
De acordo com a 'NBC', os promotores acusaram Trump de ter feito pagamentos pelo silêncio a outra mulher, Karen McDougal. Outra acusação de conspiração foi revelada pela a rede americana. Pelo acordo com a promotoria, o ex-presidente americano não foi algemado, mas pôde ser fotografado. A informação sobre a coleta de impressões digitais não foi confirmada, assim como a tradicional fotografia de pessoas sob custódia no país. 
Ao chegar no tribunal, Trump levantou o punho com a expressão séria em saudação a seus apoiadores. Tanto o magnata republicano quanto seus advogados insistem no absurdo do caso, cujas acusações, ainda não divulgadas, serão lidas pelo juiz de origem colombiana Juan Merchán. 

Trump é acusado de ter 'comprado' o silêncio da estrela pornô Stormy Daniels com US$ 130 mil (pouco mais de R$ 420 mil em valores da época) na reta final da campanha às eleições presidenciais de 2016 e, consequentemente, manter em segredo o suposto caso extraconjugal.

Seu ex-advogado, Michael Cohen, foi o encarregado de fazer o pagamento, e o magnata reembolsou-o pela quantia de forma parcelada, supostamente fazendo-a passar por honorários profissionais, manobra classificada como fraude.

Caça às bruxas
Em plena campanha eleitoral para obter a nomeação do Partido Republicano para as eleições de 2024, o magnata de 76 anos alega ser vítima de uma "caça às bruxas".

O caso de Trump, que já foi alvo de duas tentativas de impeachment no Congresso dos Estados Unidos quando era presidente (2017-2021), também é reproduzido na mídia. Dezenas de jornalistas de todo o mundo passaram a noite fria acordados para garantir um lugar na sala onde pudessem saber, ao mesmo tempo que Trump, as acusações feitas contra ele pela Promotoria de Manhattan.

Ao contrário de outros estados, onde as câmeras de televisão são permitidas nos tribunais, o juiz Merchán não abriu uma exceção nesta ocasião. Permitirá apenas que os fotógrafos capturem esse momento histórico por alguns minutos antes do início da audiência.

Em frente ao tribunal, a polícia de Nova York, em alerta máximo, instalou cercas metálicas para separar dezenas de apoiadores do magnata e alguns críticos em uma metáfora para a divisão política do país.

"Trump ou morte" ou "Make America Great Again" estampavam cartazes e bandeiras, bonés e camisetas de alguns. Os opositores proclamavam "Trump mente o tempo todo". Paulina Farr saiu da vizinha Long Island — um reduto republicano, para onde o ex-presidente solicitou que o caso fosse transferido, de modo a ter um julgamento "justo" — para "mostrar apoio ao nosso presidente Trump".

A enfermeira aposentada disse à 'AFP' que também esteve em Washington, D.C., em 6 de janeiro de 2021, quando milhares de apoiadores de Trump invadiram o Capitólio, mas este protesto "é muito diferente".

Em uma tentativa de politizar o caso e motivar seus apoiadores, que têm respondido enviando-lhe mais de US$ 7 milhões de dólares (cerca de R$ 35,5 milhões) para sua campanha desde que a acusação foi anunciada na última quinta-feira, o magnata relembrou na rede Truth Social o que já usa como um lema: "Eles não estão vindo atrás de mim, estão vindo atrás de vocês. Estou apenas no caminho deles".

É "impossível que eu tenha um julgamento justo" em Nova York, acrescentou Trump sobre sua cidade natal governada por democratas, após a decisão do promotor Alvin Bragg de indiciá-lo na última quinta-feira, mantendo a decisão do grande júri.

Bragg deve dar uma coletiva de imprensa após a audiência de Trump no tribunal. O magnata também anunciou que falará com a imprensa.

O caso Stormy Daniels é apenas um dos casos que ameaçam o ex-presidente, que também é investigado por pressionar funcionários públicos para anular a vitória de Joe Biden em 2020, com uma ligação telefônica gravada. Nela, pediu ao secretário de Estado da Geórgia que "encontrasse" votos suficientes para reverter o resultado.

Trump também é investigado por seu possível papel na insurreição de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio, assim como pela custódia de documentos confidenciais depois de deixar a Casa Branca.
Com informações de agências internacionais