Secretário-geral das Nações Unidas, António GuterresAFP
"O secretário-geral está impactado e consternado com as imagens que viu esta manhã sobre a violência e as agressões das forças de segurança israelenses no interior" da mesquita Al Aqsa, disse Stéphane Dujarric, que ressaltou que "este momento do calendário, santo para os judeus, os cristãos e os muçulmanos, deveria ser de paz, e não de violência".
Os confrontos dentro de um dos locais mais simbólicos do mundo para os muçulmanos coincidem com as celebrações do Ramadã muçulmano e da Páscoa judaica, em um clima de grande tensão entre israelenses e palestinos desde o início do ano.
O movimento islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza, denunciou um "crime sem precedentes" e convocou os palestinos da Cisjordânia ocupada "a comparecer em massa à mesquita de Al Aqsa para defendê-la".
O templo fica na Esplanada das Mesquitas, o terceiro local mais sagrado do Islã, em Jerusalém Oriental, o setor palestino da Cidade Sagrada ocupado e anexado por Israel.
A Esplanada está construída sobre o que os judeus chamam de Monte do Templo, o local mais sagrado do judaísmo.
A calma retornou durante a manhã ao complexo, com os arredores sob forte esquema de segurança da polícia israelense, que controla o acesso à esplanada. Visitantes judeus, escoltados por guardas, percorreram por alguns minutos o local.
As forças de segurança de Israel entraram durante a noite na mesquita, "quebrando portas e janelas", quando os fiéis estavam no local para rezar, afirmou Abdelkarim Ikraiem, um palestino de 74 anos que estava no templo.
Eles carregavam "cassetetes, bombas de gás lacrimogêneo e bombas de fumaça, e agrediram os fiéis", declarou à AFP.
O ministro palestino de Assuntos Civis, Hussein Al Sheikh, afirmou que "o nível de brutalidade (da polícia israelense) exige uma ação urgente palestina, árabe e internacional".
A Jordânia, que administra os locais sagrados muçulmanos de Jerusalém, condenou o "ataque" à mesquita e pediu às forças israelenses que se retirem imediatamente. A Arábia Saudita afirmou que "rejeita categoricamente" as ações que violem "os princípios e normas internacionais de respeito aos locais sagrados".
Explosões
Em outro vídeo da polícia, agentes da tropa de choque avançam em direção à mesquita e usam escudos como proteção aos disparos de foguetes.
As imagens mostram uma porta cercada por barricadas, fogos de artifício em um tapete e a polícia retirando pelo menos cinco pessoas algemadas.
"Os líderes ficaram entrincheirados dentro da mesquita durante várias horas (após a última oração vespertina) para perturbar a ordem pública e profanar a mesquita, enquanto gritavam frases que incitavam o ódio e a violência", acrescenta a nota.
"A polícia foi obrigada (a intervir) para desalojá-los e permitir que ocorressem (as primeiras orações do amanhecer) e evitar distúrbios violentos", destacou a força de segurança. "Mais de 350 pessoas foram detidas", informa o comunicado
Ação determinada
Após os confrontos em Al-Aqsa, vários foguetes foram disparados a partir do norte da Faixa de Gaza em direção ao território de Israel.
Em represália, o exército israelense executou ataques aéreos contra o que afirmou que eram instalações militares do Hamas na Faixa de Gaza, onde dezenas de pessoas haviam protestado horas antes. Os manifestantes queimaram pneus e prometeram "defender e proteger a mesquita de Al-Aqsa.
O ministério das Relações Exteriores do Egito condenou a "entrada da polícia israelense na mesquita de Al Aqsa e a agressão contra os fiéis". O Irã denunciou um "ataque brutal do regime sionista (...) que mostra ao mundo mais uma vez a natureza criminosa deste regime".
O conflito palestino-israelense ficou ainda mais tenso nos últimos meses, após a posse em dezembro de um dos governos mais à direita da história de Israel.
A violência provocou quase 110 mortes desde janeiro e foi retomada no fim de semana passado, após uma calma relativa que era observada desde o início do Ramadã, em 23 de março.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.