Vilarejo de Maripasoula, na Guiana Francesa, próximo de onde policial francês foi morto por brasileiro, em abril de 2023 Jody Amiet/ AFP

Um brasileiro de 20 anos foi detido, neste sábado (8), suspeito de matar a tiros um policial de elite francês durante uma operação de combate ao garimpo ilegal de ouro, ocorrida no fim de março na Guiana Francesa. A região, que fica numa área da floresta, faz fronteira com o Amapá, na região Norte do Brasil.
O suspeito foi detido à tarde pelo Grupo de Intervenção da Gendarmaria Nacional (GIGN), na selva da Guiana, após anunciar que pretendia se entregar, informou à AFP o promotor de Caiena, Yves Le Clair. Segundo a investigação, o suspeito pertencia a um grupo de assaltantes de minas de ouro ilegais.

O policial de elite francês, Arnaud Blanc, de 35 anos, foi morto a tiros no último dia 25, quando participava de uma operação contra a extração ilegal de ouro na jazida de Dorlin, localizada no centro do território francês na América do Sul, que faz fronteira com o Brasil e Suriname.
Na aproximação do acampamento onde dormiam os garimpeiros clandestinos, os policiais franceses foram recebidos a tiros pelo grupo criminoso. O policial, que estava à frente dos colegas, chegou a usar sua pistola até esvaziar a última bala de seu cartucho. Porém, baleado duas vezes, não resistiu aos ferimentos e morreu.

O suposto autor dos disparos está sob regime de detenção judicial, disse o promotor Le Clair. Nas próximas horas, ele irá comparecer diante de um juiz de liberdade e custódia, que deve ordenar sua prisão.
Homenagem ao policial morto
O presidente francês, Emmanuel Macron, prestou uma homenagem ao policial militar no dia 31 de março.
"Era um homem sorridente e livre, um soldado da lei", afirmou o chefe de Estado durante a cerimônia póstuma.
Arnaud Blanc deixou uma companheira e dois filhos. O policial era atirador de elite, motorista de veículo blindado e especialista em escavações.

"Seu objetivo era desmantelar um desses campos ilegais de mineração de ouro onde não só ouro, mas também drogas, medicamentos, armas e até mesmo humanos são comercializados", disse Macron durante a cerimônia realizada na região parisiense, referindo-se a "mulheres prostituídas", "crianças escravizadas" e "migrantes ilegais cuja desgraça é explorada por ameaças e chantagem".
Operação na Guiana Francesa
O Exército francês e a polícia local realizam regularmente operações em grande escala no país para desmantelar a mineração ilegal de ouro, no âmbito da missão Harpie, lançada em 2008 por Nicolas Sarkozy, então chefe de Estado francês.
De acordo com o Observatório de Atividade Mineira (OAM), em 2022 até 500 soldados franceses estiveram mobilizados para "neutralizar" essa atividade clandestina em cerca de 1.000 patrulhas realizadas na floresta.

Um relatório parlamentar publicado em julho de 2021 já apontava a existência de cerca de 8.600 garimpeiros clandestinos na área, inclusive brasileiros em situação ilegal.
* Com informações da AFP