Exercícios incluem munição real e acontecem diante de uma costa rochosa da província chinesa de FujianAFP
Dezenas de aviões chineses equipados com munição real simularam um "bloqueio aéreo" da ilha e ataques contra "alvos importantes", informou o canal estatal chinês "CCTV". O porta-aviões Shandong "participou no exercício de hoje", anunciou o exército chinês.
O governo da China organizou três dias de manobras militares ao redor da ilha em resposta à reunião da semana passada entre a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy.
Washington, que pediu a Pequim sinais de moderação, enviou nesta segunda-feira o destróier de mísseis guiados USS Milius para uma área em disputa no Mar da China Meridional.
"Esta operação de liberdade de navegação respeitou os direitos, liberdades e usos legítimos do mar", afirmou a Marinha dos Estados Unidos em um comunicado.
O destróier americano navegou perto das ilhas Spratly, um arquipélago situado a 1.300 quilômetros de Taiwan, reivindicado por China, Taiwan, Filipinas, Vietnã, Malásia e Brunei, informou a nota oficial.
A China criticou a invasão "ilegal" do USS Milius e afirmou que a Força Aérea do país "seguiu e vigiou" o navio.
O porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, advertiu nesta segunda-feira que "a independência de Taiwan e a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan são coisas mutuamente excludentes".
Não à guerra'
Em outro vídeo, que tem uma trilha sonora dramática, o apito de um oficial faz com que militares corram para suas posições, enquanto a tela mostra um bombardeio simulado em Taiwan. As manobras geram alguma inquietação na população taiwanesa.
"Nós, as pessoas comuns, só queremos ter uma vida pacífica e estável", declarou à AFP o cozinheiro Lin Ke-qiang, de 60 anos, que mora na ilha de Beigan, no arquipélago taiwanês de Matsu, visível da costa da China continental.
"Se uma guerra começar, agora que os mísseis deles estão tão avançados, não há forma de resistir. Seremos arrasados", disse, antes de acrescentar que o exército de Taiwan não pode rivalizar com o da China.
China e Taiwan se separaram após uma guerra civil em 1949. Pequim considera esta ilha de governo democrático como parte de seu território e não aceita qualquer contato entre as autoridades taiwanesas e representantes de outros países.
O governo dos Estados Unidos é deliberadamente ambíguo sobe uma eventual defesa militar de Taiwan. Washington, no entanto, vende armas a Taipé há várias décadas para ajudar a garantir a autodefesa e oferece apoio político.
Tsai se reuniu com McCarthy após uma viagem a Guatemala e Belize, dois dos últimos aliados oficiais da ilha, que recentemente perdeu Honduras, país que estabeleceu relações diplomáticas com a China.
O exército de Pequim também executou manobras militares ao redor da ilha em agosto de 2022, em resposta à visita a Taipé de Nancy Pelosi, a antecessora de McCarthy na presidência da Câmara de Representantes.
O atual líder da Câmara americana também pretendia visitar a ilha, mas acabou optando por uma reunião com Tsai na Califórnia, o que também irritou Pequim.
As manobras "servem como advertência severa contra o conluio entre as forças separatistas que buscam 'a independência de Taiwan' e as forças externas", advertiu no sábado o porta-voz militar chinês, Shi Yin.
Tsai respondeu aos exercícios chineses e afirmou que Taiwan "continuará trabalhando com os Estados Unidos e outros países para defender os valores da liberdade e da democracia" conta o que chamou de "contínuo expansionismo autoritário".
Exercícios com munição real
A autoridade marítima local informou que os exercícios aconteceriam entre 7h (20h de Brasília, domingo) e 20h (9h de Brasília) ao redor de Pingtan, ilha do sudeste que é o ponto da China mais próximo de Taiwan.
Os correspondentes da AFP em Pingtan não observaram nenhuma atividade militar perto da costa nesta segunda-feira.
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