Relatório afirma que atualmente quase 100 detidos já foram condenados à morte ou estão sendo processados por acusações que podem ser punidas com a pena capitalReprodução
Este é o maior maior número de execuções na República Islâmica do Irã desde 2015, afirma o relatório, elaborado pelo grupo Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega, e pelo Unidos Contra a Pena de Morte (ECPM, na sigla em francês), com sede em Paris.
O ano passado foi marcado pelos protestos contra a morte em setembro de Mahsa Amini, uma curdo-iraniana, de 22 anos, que havia sido detida por supostamente desrespeitar o rígido código de vestimentas para as mulheres no país.
As autoridades responderam com uma onda de detenções e condenações, incluindo quatro pessoas que foram sentenciadas à morte e executadas por suposto envolvimento nos protestos, o que gerou protestos internacionais.
"Para deter a máquina da morte do regime iraniano é necessário que a comunidade internacional e a sociedade civil, seja no local ou não, mostrem de maneira ativa sua oposição cada vez que uma pessoa é executada no país", afirmou o diretor do IHR, Mahmood Amiry Moghaddam.
O relatório afirma que atualmente quase 100 detidos já foram condenados à morte ou estão sendo processados por acusações que podem ser punidas com a pena capital.
"Com o objetivo de provocar medo na população e nos jovens que protestam, as autoridades intensificaram as execuções de presos condenados por motivos não políticos", lamenta o diretor do IHR.
Discriminação sistemática
Porém, desde o início dos protestos em setembro, as execuções dispararam, com 256 enforcamentos até o fim de 2022, número que representou 44% das 582 execuções do ano.
O número representa o dobro do registrado em 2021 e 10 vezes mais que em 2020 para este tipo de crimes. Os autores do relatório denunciam uma "falta de reação" do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime.
"Não envia a mensagem adequada às autoridades iranianas. A abolição da pena de morte para crimes relacionados com o tráfico de drogas deve ser uma condição indispensável para a futura cooperação entre esta organização e o Irã", avalia o diretor do ECPM, Raphaël Chenuil- Hazan.
Quase 30% de todos os executados pertenciam à minoria sunita do Baluchistão, que representam apenas entre 2% e 6% da população do país, que é majoritariamente xiita, outro ramo do islã.
Também foram registrados números demograficamente desproporcionais de curdos e árabes executados, a maioria por supostos crimes relacionados a drogas.
"A pena capital é parte da discriminação sistemática e da extensa repressão a que as minorias étnicas do Irã estão submetidas", afirma o relatório. A maioria das execuções (288, 49%) foi ordenada para casos de homicídio, um recorde nos últimos 15 anos.
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