Rei Charles III do Reino UnidoPeter Nicholl/REUTERS

Uma pesquisa compartilhada com o jornal britânico The Guardian indica laços diretos de ancestrais do rei Charles III e da família real britânica com a compra e exploração de escravos em plantações de tabaco no Estado da Virginia, nos Estados Unidos.

Segundo o levantamento, um ancestral do rei comprou pelo menos 200 escravos da Royal African Company (RAC) em 1686. O parente seria Edward Porteus, dono de um cultivo de tabaco na Virginia, e cujo documento sinaliza instruções de que o capitão do navio lhe deveria entregar os africanos escravizados. 

Robert Porteus herdou a propriedade da família e se mudou para a Inglaterra em 1720. Seis gerações depois, Frances Smith se casou com o aristocrata Claude Bowes-Lyon. A neta do casal era Elizabeth Bowes-Lyon, rainha-mãe e avó do rei Charles III.

Rei mostrou apoio as pesquisas

No inicio do mês, após a publicação das primeiras reportagens do The Guardian que mostravam laços entre a família real e o tráfico de escravos, o rei Charles III indicou que apoiava a pesquisa que buscava ligações entre a monarquia britânica e o comércio transatlântico de escravos.

Segundo um porta-voz do Palácio de Buckingham, o rei levava "profundamente a sério" a questão e que o apoio a busca de registros fazia parte do aprofundamento da compreensão do "impacto da escravidão".

Sem laços familiares com a família real, a bispa de Londres, Sarah Mullally emitiu um pedido formal de desculpas pela posse e comercialização de escravos da família Porteus nos Estados Unidos. Ela é parente de Beilby Porteus, sacerdote da capital inglesa por 22 anos e filho de um segundo casamento de Robert Porteus, que foi quem se mudou para o Reino Unido. 
Em janeiro, o Fulham Palace Trust, que mantém a histórica residência dos bispos de Londres, publicou pesquisas sobre as plantações de Porteus, reconhecendo que o religioso herdou uma propriedade do pai nos Estados Unidos, que seguiu rendendo lucros oriundos do comércio de escravos.