Putin durante um desfile militar realizado em Moscou para comemorar a vitória sobre os nazistasAFP
Em desfile militar, Putin promete 'vitória' contra Ucrânia
Presidente da Rússia ainda culpou o Ocidente pelo conflito, que comparou à Segunda Guerra Mundial
O presidente Vladimir Putin prometeu nesta terça-feira, 9, que a Rússia sairia vitoriosa na Ucrânia e culpou o Ocidente pelo conflito, que comparou à Segunda Guerra Mundial, durante um desfile militar na Praça Vermelha para comemorar a vitória sobre os nazistas.
No mesmo dia, os Estados Unidos anunciaram um novo pacote de ajuda militar de US$ 1,2 bilhão (R$ 5,96 bilhões, na cotação atual) para a Ucrânia com o objetivo de melhorar suas defesas aéreas e fornecer munição adicional para sua artilharia.
Mais de um ano depois de lançar a ofensiva na Ucrânia, Putin disse diante das fileiras do desfile militar em Moscou que o futuro do país depende dos soldados que lutam na Ucrânia.
O discurso de Putin foi ofuscado por declarações desafiadoras do chefe do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, que combateu na Ucrânia e fez duras acusações contra os militares russos.
No mesmo dia, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, viajou para Kiev para se encontrar com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para celebrar o Dia da Europa.
Putin disse em seu discurso perante milhares de soldados, políticos russos e vários líderes de ex-repúblicas soviéticas que "a civilização está mais uma vez em um ponto de virada".
"Uma guerra foi desencadeada contra nossa pátria", afirmou.
O presidente discursou às forças russas, especialmente às centenas de milhares de reservistas mobilizados: "o futuro de nosso Estado e de nosso povo depende de vocês", insistiu, acusando mais uma vez as potências ocidentais de usar a Ucrânia para obter "o naufrágio e a destruição" de seu país.
"Pela Rússia, por nossas bravas forças armadas, pela vitória! Hurra!", gritou antes de abrir caminho para a marcha de milhares de soldados.
O líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, falou ao mesmo tempo que Putin e acusou unidades do exército regular russo de abandonarem suas posições perto de Bakhmut, cidade no leste da Ucrânia onde se concentram os combates.
Prigozhin também acusou a hierarquia militar de querer "enganar" Putin sobre como a campanha estava sendo conduzida no terreno.
"Por que o Estado não consegue defender o país?", acrescentou, garantindo que o que é mostrado na televisão russa não reflete a realidade.
As comemorações do 9 de maio acontecem em meio a rígidas medidas de segurança, depois que se multiplicaram os ataques ao território russo atribuídos por Moscou a Kiev.
O ataque mais espetacular, embora sujeito a muitos pontos questionamentos, ocorreu na semana passada com dois drones no Kremlin.
A cerimônia anual de 9 de maio busca celebrar o poderio russo, já que a vitória de 1945 ocupa um lugar central no nacionalismo liderado por Putin. Mas este ano, as comemorações decorrem à sombra dos fracassos militares no terreno.
O desfile desta vez foi bem mais modesto que os anteriores: não há demonstração aérea ou veículos blindados, exceto um tanque soviético T-34 da Segunda Guerra Mundial.
Nas ruas de Moscou, famílias russas assistiram ao desfile em meio a um forte esquema de segurança. Giya Merkeliya, um motorista de 55 anos, carregava uma foto de seu avô, que morreu em combate em 1943. "Estou esperando a vitória", disse à AFP.
Por sua vez, Zelensky recebeu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para discutir as aspirações da Ucrânia de ingressar no bloco.
"A Ucrânia está lutando pelos ideais da Europa (...). Na Rússia, Putin e seu regime destruíram esses princípios. E agora tentam destruí-los na Ucrânia", disse Von der Leyen.
Zelensky exortou o bloco a acelerar a entrega de munições, que afirmou ser "uma questão-chave", para a esperada contraofensiva contra as posições russas, que deve começar nas próximas semanas.
Entretanto, Zelensky agradeceu a ajuda dos Estados Unidos, como um "sinal de solidariedade" que chega num "dia simbólico". Também instou a UE a decidir iniciar negociações para a adesão da Ucrânia ao bloco e pôr fim à "incerteza política artificial" nas relações entre Kiev e Bruxelas.
Pouco antes da chegada de Von der Leyen, a força aérea ucraniana afirmou nesta terça-feira que derrubou 23 mísseis de cruzeiro russos, dos 25 lançados durante a noite.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou em entrevista ao jornal espanhol El País que acredita que "uma negociação de paz não é possível neste momento" na Ucrânia.