congressista, de 34 anos, foi eleito para a Câmara pelo Partido Republicano em novembro passado e empossado em 7 de janeiro de 2023AFP

O deputado norte-americano de origem brasileira George Santos foi preso acusado de lavagem de dinheiro e outros crimes nesta quarta-feira, 10, antes de uma audiência no tribunal de Nova York.
Santos terá de responder a sete acusações relacionadas à fraude eletrônica, três de lavagem de dinheiro, uma de roubo de fundos públicos e duas por fazer declarações falsas à Câmara dos dos Representantes.

"A acusação visa responsabilizar Santos por vários supostos esquemas fraudulentos e deturpações descaradas", afirmou o Procurador Breon Peace.
A acusação diz que o deputado induziu apoiadores a doar para uma empresa sob o falso pretexto de que o dinheiro seria usado para apoiar sua campanha. Em vez disso, diz, ele o usou para despesas pessoais, incluindo roupas de grife de luxo e para pagar seus cartões de crédito.
"Em conjunto, as alegações acusam Santos de agir em repetidas desonestidades e enganos para chegar aos salões do Congresso e enriquecer", disse Peace.
Segundo o jornal "The New York Times", o parlamentar pode ser liberado caso pague fiança e se comprometa a comparecer ao tribunal sempre que solicitado.
O congressista, de 34 anos, foi eleito para a Câmara pelo Partido Republicano em novembro passado e empossado em 7 de janeiro de 2023. Sua eleição chamou a atenção por ele ser o primeiro republicano abertamente gay a concorrer e conquistar um assento na Câmara de Deputados do país.
Rede de mentiras
Logo após sua eleição, o jornal "The New York Times" e outros meios de comunicação revelaram que George Santos havia inventado quase todos os aspectos de sua vida pessoal e profissional.
Ele reconheceu que inventou boa parte de sua biografia, incluindo seu nome real, que é judeu e que seus avós escaparam dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, sua escolaridade e a experiência de trabalho ao disputar as eleições legislativas do ano passado em busca de uma cadeira na Câmara, como representante de áreas de Long Island, Nova York.
Santos também é acusado de desviar e falsificar recursos de campanha, assim como de assediar sexualmente um homem que supostamente recebeu uma oferta de emprego de seu escritório e de retratar-se quando este rejeitou seus avanços.
Entre as suas mentiras, o congressista também disse ter diplomas da Universidade de Nova York e do Baruch College, apesar de nenhuma das instituições ter registro de sua frequência. Ele ainda alegou ter trabalhado no Goldman Sachs e no Citigroup, o que também não era verdade.
O deputado, que se identifica como gay, também não revelou que foi casado com uma mulher por vários anos, terminando a relação em 2019.
Santos também possui problemas com a Justiça do Brasil, inclusive inquéritos por estelionato tramitando na Justiça do Rio de Janeiro.
Em uma entrevista ao apresentador de televisão Piers Morgan no início do ano, ele admitiu que mentiu sobre sua biografia. "Eu fui um mentiroso terrível em alguns temas", reconheceu. "Não era sobre enganar as pessoas, era para ser aceito pelo partido", acrescentou.
O parlamentar descartou renunciar à cadeira na Câmara, apesar dos apelos de outros congressistas, tanto do Partido Republicano como do Democrata.
O republicano enfrenta pressão de seus correligionários e eleitores, que já pediram sua renúncia. Em março, o Comitê de Ética da Câmara abriu uma investigação contra o congressista.
A comissão vai investigar eventuais atividades ilegais em sua campanha, possíveis violações de leis federais na atuação dele em uma empresa e a denúncia de assédio feita por um assessor que trabalhou em seu gabinete.
*Com informações do Estadão Conteúdo