O Congresso deve aprovar o texto que elevar o teto da dívida americana sob o risco de recessão econômica nos EUAAFP

Washington - O Congresso americano se prepara, nesta terça-feira (30), para examinar um acordo alcançado pelo presidente Joe Biden e pelo presidente da Câmara de Representantes, o republicano Kevin McCarthy, em uma corrida contra o tempo para evitar um catastrófico 'default', o possível calote que poderia abalar as finanças mundiais.

Depois de um fim de semana prolongado devido ao feriado do 'Memorial Day', a Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos, começa a examinar um projeto de lei orçamentário resultante de um acordo para aumentar o teto da dívida dos Estados Unidos.

Uma primeira reunião crucial do Comitê de Regras da Câmara está marcada para esta tarde. O encontro será um termômetro do equilíbrio de forças, já que a ala mais progressista dos democratas e os republicanos mais conservadores se opõem ao acordo bipartidário alcançado no fim de semana.

Biden e McCarthy negociaram durante semanas e o que está em jogo continua sendo a possibilidade de um inédito calote da dívida americana, que é considerada a mais segura do mundo.

Os dois líderes disseram estar confiantes em que o texto será aprovado na quarta-feira (31) na Câmara, para depois seguir para o Senado, controlado pelos democratas. Mas os insatisfeitos podem atrasar o processo.

Candidato à reeleição em 2024, Biden aposta suas credenciais políticas com o acordo alcançado após árduas negociações. Na segunda-feira (29), o democrata iniciou amplas consultas para vender o acordo dentro de seu partido, relatou uma fonte da Casa Branca.

Otimista, o presidente disse aos jornalistas que se sentia "muito bem" com as chances do projeto de lei. "Nunca digo que estou confiante no que o Congresso vai fazer. Mas me sinto muito bem a respeito", afirmou.

No domingo (28), ele pediu a "ambas as Casas que aprovem esse acordo".

"Tirem da mesa a ameaça de um default catastrófico", acrescentou.

O acordo "evita o que poderia ter sido um default catastrófico e poderia ter levado a uma recessão econômica, contas de aposentadoria devastadas e milhões de empregos perdidos", disse Biden em um comunicado divulgado no sábado.

Data-limite
Os Estados Unidos começam a ficar sem recursos e podem entrar em default em 5 de junho, data-limite em que o Tesouro americano deixaria de cumprir seus compromissos financeiros. Tal cenário seria inédito na história dos Estados Unidos e poderia, segundo economistas, ter consequências em escala mundial.

O acordo bipartidário suspende o chamado "teto" da dívida federal, atualmente em US$ 31,4 trilhões (158,2 trilhões de reais na cotação de hoje), por dois anos, o suficiente para atravessar a próxima eleição presidencial de 2024 e permitir que o governo siga tomando dinheiro emprestado e continue solvente.

Os gastos não relacionados com o setor de Defesa permanecem sem mudanças no próximo ano e aumentarão apenas nominalmente em 2025.

Além disso, prevê-se um corte de 10 bilhões de dólares (50,4 bilhões de reais na cotação de hoje) nos recursos destinados ao Fisco para modernizar e intensificar os controles, uma exigência republicana, assim como a recuperação dos recursos destinados ao combate à covid-19 que ainda não foram gastos.

O compromisso também inclui novas condições impostas para a concessão de alguns benefícios sociais, entre eles o cupom para alimentação.

Os dois campos reivindicaram a vitória após o acordo e acreditam que conseguirão os votos necessários para que o projeto seja aprovado.

Após a divulgação do texto final no domingo (28), os membros da Câmara terão 72 horas para estudá-lo antes de votar.

A estreita maioria de McCarthy na Câmara exigirá um apoio significativo dos democratas para equilibrar a dissidência na oposição.

No Senado existe a possibilidade de obstrução do projeto de lei com emendas que deixarão a conclusão do processo perigosamente perto de 5 de junho.

A primeira nota estridente da oposição republicana foi do representante (deputado) Dan Bishop, membro da bancada ultraconservadora 'House Freedom Caucus', que tuitou um emoji de vômito e criticou McCarthy por conseguir "quase zero".

Ao mesmo tempo, um membro do 'House Progressive Caucus', Ro Khanna, afirmou que muitos democratas se perguntam se vão apoiar o acordo.