Washington - O acordo que pretende elevar o teto da dívida dos Estados Unidos, alcançado após longas negociações entre o presidente Joe Biden e os republicanos, chega nesta quarta-feira (31) à Câmara de Representantes para uma votação que deve ser turbulenta.
O Congresso ainda tem alguns dias antes que o país fique sem liquidez, o que acontecerá em 5 de junho, de acordo com estimativa da secretária do Tesouro, Janet Yellen.
Porém, os termos do acordo alcançado entre Biden e o presidente da Câmara de Representantes, o republicano Kevin McCarthy, ainda precisam da aprovação dos legisladores, incluindo alguns opositores ferrenhos da iniciativa.
Sem a aprovação do Congresso, os Estados Unidos correm o risco de entrar em 'default' (a interrupção dos pagamentos de suas obrigações), algo inédito que pode ter consequências catastróficas para a economia.
Na terça-feira, o Comitê de Regras da Câmara deu uma primeira indicação da tendência para a votação do projeto de lei, com sete votos a seis, com dois republicanos e quatro democratas contrários à iniciativa.
Nesta quarta-feira a votação acontece no plenário da Câmara de Representantes, de maioria republicana, antes que o projeto avance para o Senado, de maioria democrata.
Joe Biden fez um apelo para que os congressistas aprovem o acordo bipartidário.
"Vamos seguir avançando para cumprir nossas obrigações e construir a economia mais forte da história do mundo", escreveu o presidente no Twitter.
O "speaker" da Câmara, McCarthy, ainda tem uma dura missão: convencer a maioria republicana a aceitar a nova lei para não parecer que depende dos representantes democratas.
E isto pode ser mais difícil que o esperado, já que a oposição dentro do Partido Republicano parece superar o número de apoiadores do ex-presidente Donald Trump na Câmara.
- "Acordo ruim" - Nancy Mace, congressista republicana pelo estado da Carolina do Sul, afirmou que votará contra o texto.
"Este 'acordo' normaliza os gastos recordes iniciados durante a pandemia. Ele define estes níveis de gastos historicamente elevados como a base de referência para todos os gastos futuros", criticou Mace.
Chip Roy, congressista do Texas e integrante da ala republicana que apoia Trump, disse que é um "acordo ruim, pelo qual nenhum republicano deveria votar".
"Vamos continuar a luta hoje e amanhã, sem importar o que aconteça", disse Roy.
Alguns republicanos consideram inclusive a possibilidade de apresentar uma moção de censura para obrigar Kevin McCarthy a renunciar ao posto de presidente da Câmara.
Do lado democrata, alguns também demonstram ceticismo. O representante Ro Khanna, da Califórnia, disse que vários colegas de partido são contrários aos cortes no orçamento e "ainda não sabem" como votar.
O projeto de lei suspende o teto da dívida até 2025, o suficiente para atravessar o período das eleições presidenciais de 2024.
Em troca, algumas despesas são limitadas para que permaneçam estáveis - exceto as militares - em 2024 e o aumento é limitado a 1% para 2025.
Também prevê uma redução de 10 bilhões de dólares (50,5 bilhões de reais, no câmbio atual) nos fundos destinados à Receita para modernizar e intensificar os controles em todo país.
O gabinete de McCarthy afirmou que o acordo prevê ainda a recuperação de "bilhões de dólares de recursos destinados ao combate à pandemia de covid que não foram gastos", sem revelar detalhes.
Um dos pontos de discórdia envolve as modificações das condições de acesso a alguns benefícios sociais, como o aumento da idade de trabalho, de 49 para 54 anos, para pessoas sem filhos que desejam receber ajuda alimentar, mas que exclui a exigência para veteranos de guerra e cidadãos que vivem em extrema pobreza.
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