Presidente russo Vladimir Putin se reúne com correspondentes de guerra em MoscouGAVRIIL GRIGOROV / SPUTNIK / AFP

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou, nesta terça-feira (13), que o Exército ucraniano está sofrendo baixas em massa no âmbito de sua contraofensiva, lançada, segundo ele, em vários setores do "front".

É a segunda vez desde sexta-feira que o presidente russo diz que seu Exército está repelindo a contraofensiva preparada pela Ucrânia há meses e com apoio de armamento ocidental.

"Suas baixas se aproximam de um nível que poderíamos classificar de catastrófico", declarou Putin, durante um encontro com jornalistas que cobrem o conflito, afirmando que as baixas russas "são dez vezes menores".

Segundo Putin, a Ucrânia lançou esta "contraofensiva em grande escala, utilizando reservas preparadas para este fim", em 4 de junho, em "vários" setores da frente de batalha.

O presidente russo citou dois setores do sul da Ucrânia e um do leste, sem mencionar Bakhmut, onde as forças ucranianas também relataram ações ofensivas que lhes permitiram avançar várias centenas de metros.

"O inimigo não teve sucesso em nenhuma dessas áreas. Sofreu fortes perdas", metade das quais foram "irreversíveis", acrescentou.

De acordo com Putin, Kiev perdeu "cerca de 25%, ou talvez 30%, dos equipamentos" que os ocidentais forneceram à Ucrânia: 160 tanques e mais de 360 veículos blindados ficaram fora de serviço.
Do lado russo, o presidente relatou a perda de 54 tanques, "alguns dos quais precisam ser consertados". Também admitiu que suas tropas russas na Ucrânia não têm munição de alta precisão e drones suficientes.

"Durante a operação militar especial, ficou claro que nos faltavam várias coisas: munições de alta precisão, equipamentos de comunicação, drones (...). Dispomos deles, mas em quantidade insuficiente, infelizmente", declarou.

Putin reconheceu que a Rússia poderia ter-se preparado "melhor" para repelir o fogo de artilharia e ataques de drones lançados da Ucrânia contra áreas russas perto da fronteira nas últimas semanas.

"Claro que é preciso reforçar a fronteira [...] poderíamos ter levado em conta que o inimigo agiria desse modo e poderíamos ter-nos preparado melhor", afirmou, após algumas incursões e ataques lançados, principalmente, contra a região russa de Belgorod. Esses dados não puderam ser comparados com fontes independentes. A Rússia comunica muito pouco sobre suas próprias perdas.

Pela primeira vez, Moscou reivindicou, nesta terça, a captura de vários tanques de fabricação alemã Leopard, além de blindados americanos Bradley, equipamentos fornecidos por países ocidentais para ajudar Kiev a contra-atacar e tentar recuperar os territórios ocupados pela Rússia no sul e no leste do país.

O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, avisou que não poderá substituir todos os tanques fornecidos por seu país à Ucrânia e que agora estão fora de serviço.

Na noite de segunda-feira, o governo ucraniano disse que sua ofensiva no sul e no leste da Ucrânia para libertar os territórios ocupados pela Rússia é "difícil", mas progride, com a recuperação, conforme o Ministério da Defesa, de sete localidades no sul e avanços ao redor de Bakhmut, no leste, destruída após quase um ano de combates.

Onze mortos na cidade de Zelensky
De acordo com analistas militares, a Ucrânia ainda não mobilizou o grosso de suas forças nessa contraofensiva e, neste momento, põe à prova a linha de frente, em busca de pontos fracos entre as forças russas.

Essas operações parecem se concentrar em três eixos: Bakhmut, Vugledar (sudeste) e Orikhiv (sul). No terreno, a Rússia lançou novamente seus mísseis contra cidades ucranianas na madrugada desta terça. Em Krivói Rog, cidade natal de Zelensky, no centro do país, pelo menos 11 pessoas morreram nos bombardeios de hoje.

A administração regional divulgou uma foto de um prédio muito danificado e enegrecido pelas chamas.

A AIEA em Zaporizhzhia
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, está em Kiev nesta terça-feira e planeja inspecionar amanhã a central nuclear de Zaporizhzhia, controlada pela Rússia, para verificar se ela foi ameaçada pela destruição da represa de Kakhovka, no rio Dnieper.

A destruição dessa barragem, cuja água é usada para resfriar os seis reatores, não teve nenhum efeito na refrigeração da central, segundo autoridades russas e ucranianas.

De acordo com Grossi, não há "perigo imediato", mas o nível de água na piscina de refrigeração é motivo de preocupação.

"Quero fazer minha própria avaliação, ir lá, falar com a direção sobre as medidas que foram tomadas e, depois, fazer uma avaliação mais definitiva do perigo", explicou Grossi à imprensa.

A destruição dessa infraestrutura, pela qual Moscou e Kiev trocam acusações, causou graves inundações no sul da Ucrânia e deixou 17 mortos na área controlada pela Rússia, e dez, na área sob controle ucraniano.