Soldados talibãs em março de 2020Noorullah Shirzada/AFP
"Foi executado em público na cidade de Sultan Ghazi Baba, no centro da província de Laghman, para que sofra e (sua morte) vire uma lição para os outros", afirmaram as autoridades locais em um comunicado.
As execuções públicas foram comuns durante o primeiro governo Talibã, entre 1996 e 2001, mas apenas uma uma execução havia sido anunciada desde o retorno do grupo ao poder em 2021, em dezembro do ano passado na província de Farah.
Mas as autoridades talibãs recorrem com frequência nesta nova etapa a açoitamentos por crimes como roubo, adultério e consumo de bebidas alcoólicas.
A pessoa executada nesta terça-feira foi identificada como "Ajmal, filho de Naseem", autor de cinco assassinatos.
Uma fonte do departamento de informação e cultura da província afirmou à AFP que quase 2.000 pessoas assistiram a execução, incluindo parentes das vítimas de Ajmal, e que todo o processo seguiu as regras da 'sharia' (lei islâmica).
O líder supremo afegão, Hibatullah Akhunzada, ordenou no ano passado aos juízes que aplicassem de maneira integral todos os aspectos da sharia, incluindo a punição "qisas" que equivale ao "olho por olho".
"Eu vi o momento em que o criminoso foi executado por 'qisas', depois que a família de uma vítima não o perdoou", declarou à AFP uma testemunha da punição desta terça-feira.
"Atiraram, se eu não contei errado, seis vezes. Não consegui ver se estava morto ou não, mas pouco depois ele foi levado em uma ambulância", disse outra testemunha, que não revelou o nome.
Uma autoridade provincial disse que Ajmal foi executado por um carrasco com um fuzil AK-47, e não por um parente de uma das vítimas, como permite o princípio 'qisas'.
"Muito medo"
"Para estes crimes é bom que as pessoas vejam e tenham medo antes de cometer este tipo de ato desumano", disse a testemunha à AFP nesta terça-feira.
"Havia muito medo, muitas emoções. Não estamos acostumados com coisas assim", acrescentou.
Em um comunicado, a Suprema Corte do Afeganistão informou que todos os recursos de apelação foram esgotados no caso de Ajmal e que o líder supremo tomou a decisão final a favor da execução.
"O líder supremo recebeu os documentos e discutiu com eruditos em uma grande reunião", afirma a nota. "No final, a ordem de qisas foi aprovada e foi determinada a aplicação", acrescenta.
Ajmal matou cinco pessoas em dois atos diferentes. Primeiro ele matou quatro pessoas em uma casa da província de Laghman e depois assassinou outro homem em um local não divulgado. As datas dos assassinatos não foram reveladas.
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