Casa do prefeito com a presença de uma viatura policialNassim Gomri/AFP
Em sinal da magnitude da crise, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou uma reunião sobre a situação, neste domingo à noite, com sua primeira-ministra e os ministros do Interior e da Justiça.
A França vive uma onda de violência desde a publicação do vídeo da morte de Nahel, um jovem que foi morto a tiros por um policial à queima-roupa durante um controle de tráfego, na terça-feira, em Nanterre, perto de Paris.
A raiva se transformou em distúrbios na França e em indignação para além de suas fronteiras, especialmente na Argélia, país de origem da família do jovem morto.
No ataque à casa do prefeito, Vincent Jeanbrun, um carro colidiu com o muro da residência na madrugada deste domingo e depois pegou fogo.
De acordo com o Ministério Público, os primeiros indícios são de que "o veículo foi lançado com a intenção de incendiar a casa".
A primeira-ministra Elisabeth Borne classificou o ataque como "intolerável" e se deslocou até L'Haÿ les Roses. De lá, afirmou que o governo "não permitirá qualquer tipo de violência".
A Associação de Prefeitos da França (AMF) convocou uma concentração na segunda-feira ao meio-dia (7h em Brasília), em frente às prefeituras de todo o país. Segundo o presidente da associação, David Lisnard, desde terça-feira "150 prefeituras ou prédios municipais foram atacados".
O Ministério do Interior anunciou um total de 719 detenções em todo o país na madrugada de domingo, principalmente por porte de objetos que podem ser usados como armas ou projéteis. Na madrugada de sábado, esse número chegou a 1.300 detidos, o mais alto desde terça-feira.
"Uma noite mais tranquila, graças à ação decidida das forças de segurança", disse o ministro do Interior, Gérald Darmanin.
De acordo com balanço divulgado hoje pelo ministério, cerca de 45 policiais e gendarmes ficaram feridos, 577 veículos e 74 edifícios foram incendiados, e 871 incêndios, registrados em vias públicas, informou o ministério no domingo.
"Chega, parem de vandalizar", pediu a avó de Nahel em entrevista, hoje, à rede BFMTV, um dia após o enterro de seu neto em Nanterre.
"Não quebrem as janelas, não destruam as escolas, os ônibus... são as mães que usam o ônibus", acrescentou.
Pela segunda noite consecutiva, o ministro mobilizou 45.000 policiais e gendarmes, incluindo 7.000 em Paris e nos subúrbios da capital, com reforços significativos em Marselha (sul) e Lyon (leste), as principais cidades afetadas no dia anterior pelos confrontos, destruições e saques.
Macron, que no sábado decidiu adiar sua visita de Estado à Alemanha, enfrenta sua segunda grande crise em poucos meses, após os protestos contra a reforma da Previdência.
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