Porta-voz do Kremlin, Dmitri PeskovReprodução
Rússia acusa Ucrânia de utilizar corredor de exportação de grãos para 'fins militares'
Moscou negou renovar o acordo e alegou que parte do pacto não estava sendo cumprida
A Rússia acusou nesta terça-feira, 18, a Ucrânia de utilizar o corredor do Mar Negro destinado à exportação de grãos para "fins militares", poucas horas depois de Moscou abandonar um acordo que permitia a passagem segura de cargueiros.
"Não é mais segredo para ninguém, é um fato evidente que o regime de Kiev utiliza esta zona com fins militares", disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov. "É um aspecto muito importante que também não deve ser esquecido", acrescentou.
Além disso, ele advertiu que continuar com as exportações de grãos pelo Mar Negro, uma ideia proposta por Kiev, representaria "alguns riscos" em termos de segurança.
"Sem as garantias de segurança adequadas, alguns riscos aparecem", disse Peskov, antes de enfatizar que se "algo for preparado sem a Rússia, estes riscos devem ser levados em consideração".
Na segunda-feira, 17, Moscou se recusou a renovar o acordo de exportação de grãos e alegou que a parte do pacto que garantia as exportações de seus alimentos e fertilizantes não estava sendo cumprida.
O porta-voz do Kremlin criticou a posição dos países europeus que, segundo ele, não permitiram o respeito às condições do acordo relacionadas à Rússia.
"Não é culpa de (António) Guterres", acrescentou Peskov, em referência ao secretário-geral da ONU. Ele também garantiu que a Rússia está disposta a exportar os grãos de maneira gratuita aos países africanos em maior necessidade.
A proposta será discutida durante um encontro de cúpula Rússia-África, programado para o final do mês em São Petersburgo.
Ao mesmo tempo, o ministério russo da Defesa afirmou que as tropas do país executaram bombardeios de "represália" que destruíram "instalações onde foram preparados atos terroristas contra a Rússia utilizando drones navais".
De acordo com Moscou, as instalações teriam sido utilizadas pela Ucrânia para preparar o ataque de segunda contra a ponte da Crimeia, península ucraniana anexada por Moscou em 2014.
O ministério afirmou que as forças russas bombardearam "o local de fabricação (dos drones navais) em um estaleiro perto da cidade de Odessa" e que "quase 70.000 toneladas" de combustíveis foram destruídas em "depósitos perto de Odessa e de Mikolaiv.
Algumas horas antes, o exército ucraniano informou que seis mísseis Kalibr foram lançados contra Odessa e que a defesa antiaérea derrubou todos, mas que a onda expansiva provocada pelo ataque e os destroços dos projéteis "danificaram infraestruturas portuárias e várias casas particulares".