Argentina alterou as regras para o câmbio, com cotações diferenciadas para o dólar de acordo com o produtoFreepik
Argentina oficializa mudanças na política cambial com decretos; jornal local vê 'surpresa'
Governo anunciou um 'acordo inicial' com o Fundo Monetário Internacional
São Paulo - O governo da Argentina publicou nesta segunda-feira, 24, dois decretos no Boletín Oficial do país, seu Diário Oficial, que oficializam mudanças anunciadas no domingo, 23, quando também foi dito que houve um "acordo inicial" para renegociar o pacote de ajuda com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Um documento oficial menciona uma nova cotação para as exportações de alguns produtos regionais e, em outro dos decretos, o Impuesto Para una Argentina Inclusiva y Solidaria (PAIS) é estendido também para a compra de dólares para poupança e importação.
A administração do presidente Alberto Fernández busca contornar o quadro de crise econômica, com inflação elevada e crescimento fraco ou mesmo contração, enquanto também almeja elevar as reservas, evitando o aprofundamento dos problemas. Um dos decretos, datados do domingo, menciona que o câmbio para alguns produtos de economias regionais estará em 340 pesos por dólar. Na importação de bens, esse imposto PAIS será generalizado em 7,5%, mas com algumas exceções, como medicamentos, além de insumos e intermediários para a cesta básica e também combustíveis, isentos.
Para o La Nación, uma "surpresa" da comunicação no diário oficial é que não é mencionado o milho entre os produtos que receberiam um câmbio mais favorável, como havia sido dito no domingo. O próprio jornal acrescenta que faltaria para isso uma resolução da Secretaria da Agricultura. O La Nación destaca ainda que o governo agora generaliza o imposto PAIS, criado em 2019, com uma alíquota de 25% para os serviços, exceto fretes (estes com 7,5%); saúde e educação, isentos; e shows (30%). "O novo câmbio para a importação terá um piso de 338 pesos e irá sendo ajustado por desvalorização periódicas do Banco Central", acrescenta o jornal.
O Clarín, por sua vez, menciona o fato de que o dólar para poupança agora se torna mais caro no país, e disse que o "pré-acordo" com o FMI busca "acalmar a pressão sobre o dólar". Já o Página 12, afirma que a assinatura do pacto com o Fundo poderia ocorrer "na quarta-feira ou na quinta-feira" desta semana, e incluiria um desembolso de US$ 10 bilhões neste ano, o que garantiria que o país evitasse um calote em 2023.
Na imprensa oficial, a agência Télam traz na manchete de seu site nesta segunda-feira a declaração dada na noite de domingo pelo ministro da Economia, Sergio Massa, que previu um "pacote muito grande" de desembolsos do FMI em agosto e um adicional, em novembro. Massa disse que o acordo com o Fundo permitirá ao país recuperar a possibilidade de intervir no mercado bancário e ainda poderá "tirar a discussão com o FMI da campanha" eleitoral, antes das eleições gerais, no fim de outubro. Massa é o candidato da coalizão governista, mas as pesquisas sugerem quadro difícil para a situação.
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