Bordalo critica os gastos decorrentes da visita do Papa Francisco a PortugalTwitter/Reprodução
Artista de Portugal faz ‘tapete de euros’ em crítica aos gastos públicos com visita do papa
A ação deliberadamente provocativa foi realizada na sexta-feira, 28, para criticar o país, que é um Estado laico
Enquanto Lisboa, a capital de Portugal, se prepara para receber um milhão de jovens católicos de todo o mundo que participarão da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), com o papa, que a visitará de 2 a 6 de agosto, um artista local fez uma crítica sobre a contribuição do poder público para os custos da organização do evento. Bordalo II espalhou um um tapete de representações gigantes de notas de 500 euros no altar onde o papa Francisco celebrará uma missa nesta semana.
A ação deliberadamente provocativa foi realizada na sexta-feira, 28, para criticar o país, que é um Estado laico, por gastar dinheiro para "patrocinar a viagem da multinacional italiana" enquanto "muitas pessoas lutam para manter as suas casas, os seus empregos e a sua dignidade", explicou o artista nas redes sociais.
"Estou muito contente com o resultado porque conseguimos fazer barulho sobre um problema real", disse Artur Bordalo no seu atelier em Lisboa, para onde levou o tapete de 20 metros.
"Me sinto vítima de uma injustiça como cidadão, como muitos de nós. Como artista, tenho a oportunidade de transmitir isso e de dar a minha voz a pessoas que compartilham desta mesma frustração e tristeza", completou o artista, de 35 anos.
A questão do financiamento público desta atividade, em particular a construção do altar-pódio no local de um antigo lixão nas margens do rio Tejo, no subúrbio noroeste de Lisboa, suscitou polêmica no início do ano. A Igreja portuguesa precisou revisar o seu projeto e o custo do altar passou de 4,2 milhões de euros para pouco menos de 3 milhões de euros (R$ 21,8 milhões para R$ 15,6 milhões).
No total, a conta desta grande festa católica está avaliada em cerca de 160 milhões de euros (R$ 834,2 milhões). Aproximadamente metade é gerida pela Igreja, o resto é financiado pelo governo e pelos municípios de Lisboa, Loures e Oeiras.
Protesto teve resposta
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, respondeu ao protesto de Bordalo II e colocou um capacho no altar central da JMJ com a legenda "bem-vindo". Ao ritmo da popular canção "One Love" de Bob Marley, o político avançou lentamente em direção ao altar montado no Parque do Tejo e colocou um tapete com a mensagem "Welcome" escrita em várias línguas, como consta do vídeo publicado no sua conta no Instagram. "Agora sim, o tapete está colocado. Todos são bem-vindos aqui", acrescentou.
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