San José - A Organização Internacional para as Migrações (OIM) incentivou o aumento dos esforços na luta contra o tráfico de pessoas no corredor migratório da América Central, citando a Costa Rica como exemplo.
Em uma entrevista à AFP, Heydi González, do Programa Regional de Migrações da OIM, considerou que todos os países "de trânsito" dos migrantes devem reforçar as medidas contra o tráfico humano.
"A Costa Rica é um dos países modelo na região, pois tem um fundo de apoio para ajudar as vítimas. É um dos países que mais estruturados em termos de instituição e que serve como modelo para a região, mas é preciso retomar e fortalecer estes esforços", afirmou.
González, que também é coordenadora do Programa Conjunto da ONU de Combate ao Tráfico, destacou a possibilidade dos migrantes receberem "ajuda humanitária" e "mais informação e serviços" na Costa Rica, embora tenha dito que o país, assim como qualquer outro, não está isento do tráfico de pessoas.
A OIM e a ONU buscam fortalecer a coordenação com outras nações da América Central para processar os envolvidos neste crime. Estes esforços, no entanto, "ainda não são suficientes" devido à complexidade de processar um delito que em muitos casos se torna transnacional, acrescentou ela.
A coordenadora afirma que devido à complexidade da prova do crime, "normalmente é muito difícil obter condenações".
Os migrantes chegam à região depois de atravessarem a perigosa floresta de Darién da Colômbia para o Panamá e à medida que se aproximam da América do Norte, a passagem e as rotas se tornam "cada vez mais complexas, como um funil", disse González.
Mais de 248 mil migrantes cruzaram a floresta de Darién em 2023, a maior marca já registrada, superando o recorde anterior, que havia sido alcançado no ano passado, informou o governo do Panamá na segunda-feira (31).
De 1º de janeiro de 2023 até 30 de julho, 248.901 migrantes vindos da Colômbia entraram caminhando na floresta panamenha. "Superamos a quantidade [total] do ano passado", quando o recorde anterior foi registrado, disse a subdiretora nacional de Migração do Panamá, María Isabel Saravia.
Estas pessoas realizam essa travessia apesar de estar rodeada de perigos como animais selvagens, rios caudalosos e organizações criminosas que os roubam ou exigem pagamentos para guiá-los em sua travessia.
"Estamos falando de pessoas que vivem um sofrimento inimaginável", disse à AFP Martha Keays, diretora da Federação Internacional da Cruz Vermelha no Panamá.
- Ameaças - González ainda alertou para o uso das redes sociais na facilitação do crime.
"Fazem o uso das redes sociais, apresentam-se como ofertantes de emprego, às vezes são um círculo próximo de pessoas, dependendo de sua vulnerabilidade, e são estruturas complexas e transnacionais", destacando também uma "especial vulnerabilidade" das mulheres e jovens, as quais "prevalecerá o tráfico para fins de exploração sexual, servidão doméstica ou casamento servil", disse ela.
Já o tráfico de crianças está associado à "exploração sexual ou em alguns casos adoção". E com os homens "pode haver situações de exploração do trabalho", completou.
O Departamento de Estado dos EUA destacou recentemente em um relatório que a Costa Rica "está fazendo esforços significantes" na luta contra este crime, no entanto, o país ainda não alcançou completamente os padrões mínimos para eliminá-lo, afirma o documento.
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