Segundo os cientistas, a temperatura global é a maior em 120 mil anosInternet/Reprodução
O suspense entre os cientistas era pequeno, na verdade. Em 27 de julho, os especialistas já consideravam "extremamente provável" que julho de 2023 seria o mês mais quente já registrado. A média de julho de 2019, o recorde anterior, foi de 16,63°C.
Caso se utilize como referência a base de dados da paleoclimatologia, "não faz tanto calor desde há 120 mil anos", afirmou a vice-diretora do serviço europeu Copernicus sobre Mudança Climática (C3S), Samantha Burguess, em entrevista coletiva.
Os oceanos também são vítimas do fenômeno preocupante: as temperaturas registradas na superfície do mar estão anormalmente elevadas desde abril, e os níveis registrados em julho não têm precedentes.
O recorde absoluto foi batido em 30 de julho, com 20,96°C. Durante todo o mês, a temperatura na superfície do mar ficou 0,51°C acima da média (1991-2020).
Fenômenos extremos
A Grécia sofreu grandes incêndios, assim como o Canadá, que também registrou inundações. As ondas de calor sucessivas no sul da Europa, norte da África, sul dos Estados Unidos e parte da China também provocaram muitos danos.
A rede científica World Weather Attribution (WWA) concluiu que as recentes ondas de calor na Europa e nos Estados Unidos teriam sido "praticamente impossíveis" sem o efeito da atividade humana.
O observatório Copernicus também indica que o gelo marinho antártico atingiu seu menor nível para um mês de julho desde o início das observações por satélite, 15% abaixo da média do mês.
O resultado de 1,5°C é muito simbólico, porque é o limite mais ambicioso estabelecido pelo Acordo de Paris de 2015 para limitar o aquecimento global. O limite, a que se refere este acordo internacional, envolve, no entanto, médias de muitos anos, e não de apenas um mês.
"Embora tudo isto seja apenas temporário, mostra a urgência de esforços ambiciosos para reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa, que são a principal causa dos recordes”, conclui Samantha Burgess.
E é possível que o ano não tenha encerrado sua temporada de recordes. "Para 2023, esperamos um final de ano relativamente quente com o desenvolvimento do fenômeno do El Niño", recorda o Copernicus.
O fenômeno climático cíclico sobre o Pacífico é, de fato, sinônimo de aquecimento global adicional.
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