Procurador público de Sarreguemines, Olivier Glady, fala à imprensa no tribunal JEAN-CHRISTOPHE VERHAEGEN / AFP

O homem alemão preso na França acusado por sua esposa de mantê-la sequestrada desde 2011 foi solto sem sofrer acusações nesta terça-feira (8), informou o promotor-chefe do caso.
O preso deixou a delegacia "entre as 20h e 21h (15h e 16h no horário de Brasília)", disse Olivier Glady, o promotor de Sarreguemines, no nordeste da França.
Algumas horas antes, Glady explicou que não havia "nenhuma evidência" que permitisse processar o homem, de 55 anos, e ele seria libertado no mesmo dia.
Na madrugada de segunda-feira, a polícia deteve o homem no apartamento que ele compartilha com sua esposa em Forbach, localidade francesa na fronteira com a Alemanha.
O homem foi preso por suposto sequestro, estupro qualificado e atos de tortura e barbárie com base nas acusações de sua esposa, de 53 anos e nacionalidade espanhola e alemã, que foi encontrada seminua, desnutrida, com a cabeça raspada e supostamente com fraturas.
Após examinar a casa, os investigadores concluíram que "a situação de sequestro (...) é uma realidade inexistente", disse Glady, acrescentando que o médico que examinou a mulher também não encontrou provas de estupro nem feridas.
O marido explicou às autoridades que sua mulher, com quem está casado desde 2001, sofre de reumatismo de natureza autoimune, com complicações "incapacitantes" há aproximadamente dez meses, e que é ele quem cuida dela.
O reumatismo causou "alergias" e "ocorreu junto ao processo de alopecia", o que explica a perda de cabelo da esposa, que foi encontrada "com a cabeça raspada".
Apesar de seu relato estar cheio de "incoerências", a mulher continua assegurando "que não está doente", apontou o promotor.
As forças de segurança intervieram na casa depois que a mulher ligou para uma associação alemã de proteção a vítimas, que informou à polícia de Wiesbaden (leste da Alemanha), e esta avisou à polícia francesa.
Na noite de segunda-feira, o promotor desmentiu algumas afirmações iniciais divulgadas por veículos de comunicação, como a presença de uma "cama de tortura" na residência.
Apesar de os primeiros indícios sugerirem um cenário de violência, as constatações no local evidenciariam que a mulher tinha acesso a "uma televisão, um computador e um celular", do qual pôde realizar o pedido de ajuda.