Biden junto aos líderes do Japão e Coréia do Sul durante encontro do G7 em maio de 2023BRENDAN SMIALOWSKI/AFP
Biden reforçará vínculos com Japão e Coreia do Sul para enviar mensagem à China
De acordo com fontes do serviço de Inteligência sul-coreano, a Coreia do Norte pode lançar um míssil balístico durante o encontro, para enviar um alerta aos três países
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reforçará os vínculos de segurança com Coreia do Sul e Japão nesta sexta-feira, 18, durante uma reunião sem precedentes em Camp David, perto de Washington, que pretende enviar uma mensagem de força para China e Coreia do Norte.
De acordo com fontes do serviço de Inteligência sul-coreano, Pyongyang pode lançar um míssil balístico durante o encontro, para enviar um alerta aos três países.
Para receber o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, Biden escolheu Camp David, a residência de campo dos presidentes americanos que, historicamente, está ligada às negociações de paz no Oriente Médio.
"Isto mostra, de maneira profundamente simbólica, a importância que damos a este grande evento", disse Kurt Campbell, principal conselheiro de Biden para a Ásia.
O secretário Estado americano, Antony Blinken, afirmou que a reunião representa "uma nova era na cooperação trilateral".
"Japão e Coreia do Sul são aliados fundamentais, não apenas na região, e sim em todo o mundo", destacou.
Este é o primeiro encontro do tipo após várias reuniões que os três governantes celebraram à margem de cúpulas internacionais. Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul se comprometerão a organizar reuniões todos os anos.
Além disso, os três países habilitarão um "canal de comunicação de emergência entre os chefes de Estado e de Governo, assim como entre outros funcionários de alto escalão de suas administrações". A medida estabelece uma espécie de "telefone vermelho" para uma região que vive sob a ameaça do programa nuclear norte-coreano e que teme uma invasão de Taiwan pela China.
"Criamos exatamente o que a China não queria", disse o embaixador dos Estados Unidos no Japão, Rahm Emanuel.
A reunião de cúpula, destacou, quer enviar a mensagem de "apostem nos Estados Unidos".
"Somos uma potência em ascensão, eles (os chineses) estão em declínio", afirmou, repetindo o discurso de Biden, que cita com frequência os problemas econômicos e demográficos da China.
Na quinta-feira, 17, à noite, os negociadores dos três países ainda debatiam uma possível referência direta à China na declaração final, afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Japão, Hikariko Ono.
Ela também disse que a cúpula deve avançar na questão do compartilhamento de dados em tempo real sobre a Coreia do Norte, que testou vários mísseis nos últimos anos.
Pequim não esconde a oposição ao diálogo neste nível entre os três países, que se une a outras iniciativas diplomáticas da administração Biden na região Ásia-Pacífico, com países como Índia ou Austrália.
O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, alertou recentemente Seul e Tóquio: "Você pode pintar o cabelo de louro ou afinar o nariz o quanto quiser, nunca será europeu ou ocidental, você não pode se tornar ocidental... Precisamos saber onde estão nossas raízes".
Ele também defendeu um trabalho conjunto.Washington, no entanto, aposta que Tóquio e Seul estão prontos para superar um passado doloroso: a brutal colonização da península da Coreia pelo Japão entre 1910 e 1945.
A Casa Branca sabe que a aproximação dos três países não tem a unanimidade entre a opinião pública, seja na Coreia do Sul, ou no Japão, apesar dos interesses estratégicos comuns.
"Os movimentos estruturais não bastam para uma aproximação: foi necessária a chegada ao poder de dois líderes, Fumio Kishida e Yoon Suk Yeol, que estão interessados em fazer isto", declarou Mira Rapp-Hooper, outra conselheira de Biden.
O governo americano destaca o caráter "histórico" da reunião, mas Biden sabe que a relação trilateral é frágil. Yoon Suk Yeol, por exemplo, tem mandato até 2027 e não pode ser reeleito. Os compromissos de Camp David devem, segundo Rahm Emanuel, conseguir que este diálogo "vire a norma e seja integrado ao DNA de todas as instituições" dos três países, além da boa vontade de seus líderes
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