Criminosos em terraço de presídio enquanto negociam liberação de refénsRodrigo Buendia/AFPTV
Os 50 agentes e sete policiais "já foram libertados, passaram por avaliações médicas para verificar seu estado de saúde e estão em segurança", disse o órgão estatal responsável pelas prisões (Snai).
As autoridades relataram as retenções dos uniformizados na quinta-feira, mas não se sabe por quanto tempo eles estiveram sob o controle dos detentos e em quais prisões.
A violência do narcotráfico prevalece dentro e fora das grades. Entre quarta e quinta-feira, dois carros-bomba explodiram em Quito, visando o Snai. Ambos os incidentes são retaliações pelas contínuas transferências de prisioneiros realizadas pelas autoridades e as intervenções em busca de armas e drogas, de acordo com o governo.
"As medidas que tomamos, especialmente no sistema penitenciário, geraram reações violentas das organizações criminosas que tentam intimidar o Estado", afirmou o presidente Guillermo Lasso na rede X, antigo Twitter.
Localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores mundiais de cocaína, o Equador havia conseguido evitar a violência das máfias. Mas nos últimos anos, gangues aliadas a cartéis mexicanos e colombianos têm imposto o terror. Desde 2018, a taxa nacional de homicídios quadruplicou.
As autoridades mantêm sigilo sobre o que está acontecendo nas prisões e ainda não determinaram se foi ou não uma ação coordenada. A libertação ocorreu por meio de uma ação coordenada com soldados e policiais, segundo o Snai.
Magnicídio
As autoridades tentam freá-la exercendo pressão nas prisões: transferências de presos a penitenciárias de segurança máxima, separação de grupos rivais para evitar brigas, inspeção de celas e divisão das facções criminosas.
Os seis presos pelo magnicídio foram transferidos de presídio na última quarta-feira. Segundo o governo, isso pode ter sido um dos detonadores dos atentados com carros-bomba e dos ataques com granadas que se seguiram à explosão.
"Mas estamos firmes e não vamos retroceder no objetivo de capturar criminosos perigosos, desarticular facções criminosas e pacificar as prisões do país", assegurou Lasso. Vários agentes penitenciários estavam retidos no presídio da cidade andina de Cuenca (sul).
Durante a manhã desta sexta-feira, militares e policiais cercavam a prisão, enquanto no telhado três presos pediam aos gritos que os militares recuassem se quisessem a libertação dos reféns, constatou um jornalista da AFP nesta sexta-feira. Um deles, vestindo um pijama branco com desenhos infantis, falava por um walkie-talkie.
Militarização das prisões
Horas antes dos atentados com carro-bomba, centenas de militares realizaram uma operação de busca de armas, munições e explosivos em um presídio na cidade andina de Latacunga (sul), uma das principais do país e cenário de confrontos mortais entre os reclusos.
Uma segunda hipótese do governo é que essa intervenção enfureceu as facções. A crise carcerária está no centro da campanha presidencial para o segundo turno, que será disputado em 15 de outubro entre a esquerdista Luisa González e o direitista Daniel Noboa.
Filho de um milionário, Noboa propõe criar um sistema de navios-prisões em alto-mar para isolar os presos e desligá-los de suas facções criminosas.
Massacres de presos
Um comitê de pacificação criado por Lasso classificou as prisões de "armazéns de seres humanos e centros de tortura".
No Equador, há 36 prisões para 32.200 reclusos e a população carcerária está em torno de 31.300 presos. A metade cumpre pena por tráfico de drogas, estopim da violência.
Em 2021, o número de presos subiu para 39.000, mas os massacres levaram o governo a conceder indultos e benefícios para descongestionar os presídios.
Atualmente, mais da metade dos presos compartilham as celas com até cinco pessoas e há celas com mais de 15 detentos.
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