Sobrevivente inconsolável volta à cena do devastador terremoto que abalou Marrakesh AFP
Na tarde deste sábado, 9, os socorristas ainda não haviam conseguido retirar o corpo de sua esposa e de um de seus filhos dos escombros de sua casa, que desabou durante o terremoto. Os corpos de dois de seus filhos já haviam sido retirados. "Tudo que eu quero é me afastar do mundo e lamentar minha perda", afirma Lahcen, que estava fora de casa quando o terremoto ocorreu.
Mais da metade das mortes (542) ocorreu na província de Al Hauz, no epicentro do terremoto e onde está Moulay Brahim. As equipes de resgate, com a ajuda de maquinário de construção, continuam a procurar sobreviventes nos destroços deste vilarejo, que sofreu dezenas de mortes.
Os moradores da cidade, que tem cerca de 3 mil habitantes, já começaram a cavar sepulturas em uma colina. "É uma tragédia terrível, estamos chocados com essa desgraça", diz Hasna, uma moradora sentada à porta de sua casa. "Embora minha família esteja a salvo, todo o vilarejo chora por seus filhos. Muitos vizinhos perderam parentes. É uma dor indescritível", acrescenta.
No topo da cidade, Bouchra enxuga os olhos marejados enquanto vê alguns de seus vizinhos cavando sepulturas. "Os filhos da minha prima morreram", lamenta. "Vi os estragos do terremoto ao vivo e ainda tremo agora. Foi como se uma bola de fogo tivesse devorado tudo em seu caminho", conta Bouchra. "Todo mundo aqui perdeu alguém de sua família, seja no vilarejo ou em outros da região", acrescenta.
"A Embaixada do Brasil em Rabat acompanha com atenção os desdobramentos do terremoto", diz a nota que expressa solidariedade ao povo marroquino. "Não há, até o momento, notícia de brasileiros mortos ou feridos", continua o texto.
O texto, no entanto, não deixa claro se há algum registro de brasileiros entre os desaparecidos. O Estadão entrou em contato com a Embaixada e, até o momento, não teve retorno.
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