País já havia ameaçado fechar a fronteiraPixabay
República Dominicana fecha fronteira com o Haiti em retaliação a obras em rio comum
País hispânico denuncia atividade desde o início do mês
O presidente da República Dominicana, Luis Abinader, anunciou, nesta quinta-feira (14), o fechamento da fronteira com o Haiti em resposta à construção, no país vizinho, de um canal destinado a desviar as águas de um rio comum para vendê-la a agricultores locais.
"A partir das 6 da manhã (7h no horário de Brasília) de amanhã, sexta-feira, toda a fronteira da República Dominicana, tanto terrestre quanto marítima e aérea, estará fechada", disse Abinader de um acampamento militar onde realizou a entrega de veículos blindados. "Estará fechada enquanto for necessário para que esta ação provocativa seja eliminada", acrescentou.
Desde o início do mês, o governo dominicano vem denunciando estas obras realizadas por uma empresa privada do Haiti para canalizar as águas do rio Massacre, que se estende entre os dois países, com a intenção de vendê-la a agricultores haitianos.
Santo Domingo garante que esta ação viola o Tratado de Paz e Amizade Perpétua e Arbitragem de 1929, o Acordo de Fronteiras de 1935 e o Protocolo de Revisão de Fronteiras, de 1936.
"É uma construção totalmente inadequada, sem qualquer tipo de engenharia, é uma provocação que este governo não vai aceitar", insistiu Abinader, que tem mantido uma rígida política em relação ao Haiti com ataques maciços contra imigrantes sem documentos e a construção de uma cerca na fronteira.
O governo do Haiti disse em um comunicado que o país "tem o direito soberano de decidir sobre a exploração de seus recursos naturais". Também afirmou que um diálogo entre os países estava "em andamento" antes deste "anúncio unilateral" da República Dominicana.
Na segunda-feira, o Conselho de Segurança dominicano suspendeu a emissão de vistos a cidadãos do Haiti e, na semana passada, fechou o passagem de Dajabón, uma dos mais importantes entre os dois países, onde também funciona um mercado binacional duas vezes por semana.
"Se houver pessoas incontroláveis lá, elas serão incontroláveis para o governo haitiano, mas não serão incontroláveis para o governo dominicano", alfinetou Abinader, acrescentando que as conversas com o país vizinho continuam.
A República Dominicana – que sustenta que o mecanismo afetará os produtores dos dois países – propõe a construção de uma barragem e uma "reunião bilateral do lençol freático binacional para chegar a um acordo sobre uma solução definitiva".
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