Salvadorenhos marcham contra prisão de inocentes e reeleição de BukeleMARVIN RECINOS / AFP
"Não à reeleição!" e "Nem mais um dia!", diziam alguns cartazes exibidos pelos manifestantes, que marcharam do hospital Rosales até a praça Gerardo Barrios na capital San Salvador, no dia em que se comemora a independência dos países centro-americanos.
Mães com fotos de seus filhos encarcerados exigiram a libertação dos mesmos, afirmando que são inocentes e que não há provas de que eles pertenceriam a gangues de criminosos.
"Neste dia marchamos unidos dizendo não à reeleição", declarou à imprensa a dirigente Sonia Urrutia, da Frente de Resistência e Rebeldia Popular.
O juiz Juan Antonio Durán declarou durante a marcha que "a reeleição é terminantemente proibida" pela Constituição.
Segundo as pesquisas de opinião, nove em cada dez salvadorenhos aprovam o governo Bukele, que devolveu a segurança às ruas com sua cruzada, iniciada em março de 2022, contra as gangues que exerciam controle territorial e se financiavam com extorsões, assassinatos sob encomenda e tráfico de drogas.
Com o regime de exceção, que permite prisões sem mandado judicial, o governo deteve cerca de 72.600 supostos membros de gangues. Segundo as autoridades, em torno de 7 mil inocentes foram liberados.
A Igreja Católica e grupos de direitos humanos criticam os métodos de Bukele contra as gangues.
"Peço liberdade para meu filho porque ele está detido injustamente desde 2 de dezembro de 2022", declarou à AFP Patricia Santamaría, com uma foto de seu filho Alex Ernesto Santamaría, de 34 anos.
"Não querem liberá-lo, sua ficha criminal está limpa", acrescentou.
Sua mãe, Marcela Alvarado, contou à AFP que o filho de 27 anos trabalhava como tratorista em uma cooperativa agrícola quando foi detido em 18 de abril de 2022. Apesar de ter "duas cartas de liberdade" (resoluções judiciais), ele segue preso.
"Não sei se está vivo ou morto", acrescentou esta dona de casa de 50 anos, que contou que tentou reivindicar, sem sucesso, a soltura de filho na "megaprisão" construída por Bukele para membros de gangues.
A manifestação terminou sem intercorrências e ocorreu em paralelo a um desfile cívico-militar pela independência organizado pelo governo.
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