Presidentes Joe Biden e Lula se unem para defender justiça e sustentabilidade na economia globalRicardo Stuckert
Os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos compartilham uma "clara afinidade" sobre o tema, afirmou uma fonte do governo norte-americano que pediu anonimato.
A defesa dos direitos trabalhistas e da classe média é uma das grandes bandeiras de Biden, em particular visando as eleições de 2024, e de Lula, ex-metalúrgico e líder sindical.
Os dois se reunirão nesta quarta à margem da Assembleia Geral da ONU, o segundo encontro dos chefes de Estado desde a posse de Lula em janeiro para seu terceiro mandato.
O governo norte-americano tenta melhorar sua relação com Lula, com quem já enfrentou algumas divergências, consciente de que o Brasil olha cada vez mais para a China.
Desafios
"Acredito que isto destaca o fato de que a relação entre Estados Unidos e Brasil não é apenas bilateral. É de natureza global", declarou a fonte, antes de acrescentar que os países "têm uma visão comum para um crescimento econômico equitativo e inclusivo".
O objetivo é incluir outros países na iniciativa para superar os desafios do mercado de trabalho do século XXI.
A meta é lutar contra a exploração, incluindo o trabalho forçado e o trabalho infantil, a economia informal, a discriminação no ambiente de trabalho, em particular contra mulheres e pessoas LGBTQI+, e a marginalização de grupos raciais e étnicos, explicou a fonte.
Os governos também pretendem estabelecer uma prestação de contas e abordar os investimentos público e privado, a transição para energias limpas e a transformação digital.
Voz global
Além dos direitos dos trabalhadores, Lula e Biden provavelmente conversarão sobre a guerra na Ucrânia, pouco antes da reunião do brasileiro com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
O conflito na Ucrânia provoca divergências. Washington lidera a ajuda a Kiev contra as tropas russas e Lula tem uma posição neutral.
"O Brasil é uma voz importante, uma voz global, acredito que também é uma ponte entre os países mais ricos e as economias em desenvolvimento", explicou a fonte.
Lula reclama que a governança mundial é "assimétrica". Ele insiste que a revolução digital e a transição energética não podem ficar nas mãos de "algumas economias ricas".
A boa sintonia com a China, país que visitou há alguns meses para reforçar os laços econômicos, preocupa Washington, que se distancia da nação rival.
"Talvez no âmbito comercial a China esteja fazendo mais no lado dos investimentos, mas a chave é que Pequim não reconhece os atores não estatais como legítimos na política", disse a fonte, em referência à sociedade civil.
A afinidade entre Brasil e China pode ter algum efeito positivo para Washington em outro tema que certamente será abordado nesta quarta-feira: a crise no Haiti.
Em julho, o Quênia anunciou que está disposto a liderar uma intervenção policial multinacional para ajudar as forças de segurança haitianas a combater as gangues, mas precisa de autorização do Conselho de Segurança da ONU, no qual a China está relutante.
O Brasil "é uma voz importante, não apenas para compreender a situação no Haiti, desempenhando um maior papel potencial como contribuinte, mas também para envolver outros membros do Conselho de Segurança da ONU, incluindo a China", afirmou a fonte do governo norte-americano.
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