Acordo sobre proteção do alto-mar foi assinador na Assembleia da ONU em Nova YorkFreepik

Com a presença de delegações de todo o mundo em Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU, 67 países assinaram nesta quarta-feira (20) o tratado de proteção do alto-mar, que tem o objetivo de salvar ecossistemas marinhos vitais para o planeta, com a esperança de que o texto entre em vigor em 2025.
"É um momento incrível estar aqui e ver tanta cooperação multilateral e tanta esperança e tanta determinação para mudar a forma na qual vemos o oceano, de um grande lixão e um lugar de onde podemos extrair coisas, para um lugar que cuidamos, que administramos, que respeitamos", disse à AFP a atriz americana Sigourney Weaver, durante a cerimônia que reuniu os primeiros países signatários.
Para o vice-primeiro-ministro da Bélgica, Vincent Van Quickenborne, "está claro que o oceano necessita de proteção urgente. E se não fizermos isso, é o fim do jogo".
Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, Espanha, França, Chile, China, Costa Rica, México, Noruega e Fiji estão entre os signatários. No total, 67 países, mais a União Europeia, assinaram o tratado no primeiro dia de abertura das firmas.
"É o início de um novo capítulo no qual a comunidade internacional deve adotar ações ousadas para assegurar que os reservatórios da biodiversidade marinha continuem garantindo a saúde dos oceanos e das comunidades no mundo que dependem deles", declarou à AFP Nichola Clark, da ONG Pew Charitable Trusts.
Após negociações árduas, o texto foi adotado formalmente por consenso em 19 de junho, apesar do 'distanciamento' da Rússia do tratado.
O alto-mar começa onde acabam as zonas econômicas exclusivas (ZEE) dos países, que vão no máximo a 200 milhas náuticas (370 km) das costas, e não pertence a nenhum país.
Apesar de representar quase metade do planeta e mais de 60% dos oceanos, durante muito tempo o alto-mar foi ignorado na batalha ambiental, ao contrário das zonas costeiras e de algumas espécies emblemáticas. A principal ferramenta do novo tratado é a criação de zonas marinhas protegidas nas águas internacionais.
Atualmente, apenas 1% do alto-mar está protegido por medidas de conservação, mas, em dezembro do ano passado, em Montreal, durante a COP15 sobre biodiversidade, todas as nações do mundo se comprometeram a proteger 30% das terras e oceanos do planeta até 2030.