Em sua primeira visita à França como rei, Charles III foi recebido com pompa pelo presidente Emmanuel MacronAFP
Após dias cheios em Paris, o monarca, acompanhado de sua esposa Camilla, chegou à tarde nesta região conhecida por seus tradicionais vinhos para mostrar seu compromisso com a luta contra as mudanças climáticas.
Na quinta-feira, Charles III defendeu, no Senado francês, a intenção de "renovar" a "Entente Cordiale" entre a França e Reino Unido para enfrentar a "emergência" climática, um discurso classificado como "histórico" pelo jornal britânico Daily Mail.
O monarca plantou, com as próprias mãos, um carvalho nos jardins da prefeitura de Bordeaux ao lado do prefeito da cidade, Pierre Hurmic, também defensor do meio ambiente. Segundo o Palácio de Buckingham, o carvalho foi "escolhido pela sua capacidade de adaptação".
Com sua visita de três dias à França, inicialmente prevista para março, o sucessor de Elizabeth II buscou definir sua própria agenda, sobretudo com compromissos em defesa do meio ambiente, mas também de fortalecimento da aliança franco-britânica após a saída do Reino Unido da União Europeia.
Recepção calorosa
Posteriormente, se dirigiu ao rio Garona para visitar a fragata HMS Iron Duke, na qual o príncipe herdeiro William realizou o seu treino militar em 2008, antes de seguirem para a Place de la Bourse.
Marella Hoffman, uma irlandesa que estava perto do local, admitiu sua surpresa com a "bondade" do rei. "Quando ele estava perto de mim, se agachou ao lado de uma senhora mais velha para perguntar se ela morava aqui e sussurrou: 'Deve ser um lugar maravilhoso para se viver'".
"É algo impressionante, que deve ser visto pelo menos uma vez na vida", comentou Julie, uma estudante de 20 anos.
A visita real provocou uma agitação inesperada na França, com a imprensa e os cidadãos acompanhando cada passo dos monarcas.
"A cultura política na França é completamente diferente, é isso que também é interessante de ver", admitiu Marie, outra estudante na casa dos 20 anos.
Aston Martin ecológico
Em 2022, o departamento francês de Gironda, onde Bordeaux está localizada, sofreu uma onda de incêndios, agravados pela seca e as altas temperaturas, que destruíram mais de 30.000 hectares de área florestal.
Diante de sua preocupação com a crise climática, o rei britânico fez algumas mudanças em seu dia a dia, como abastecer o seu velho Aston Martin com excedentes de vinho branco e soro proveniente da produção de queijos.
Entretanto, seu apelo ambiental diante do Senado, em Paris, contrastou com as últimas decisões do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, que anunciou na quarta-feira o adiamento de uma série de medidas essenciais à política climática do país.
O casal real fez uma última parada em solo francês em uma degustação no Chateau Smith Haut Lafitte, uma vinícuola fundada no século XIV, atualmente dedicada à viticultura biodinâmica.
Os monarcas conheceram a propriedade e Camilla ainda tentou, em vão, alimentar uma das lhamas encarregadas de comer o capim do terreno.
De volta ao aeroporto de Bordeaux, Charles III e Camilla deram uma saudação final à França antes de embarcarem para a Escócia.
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