Além dos 3.800 mortos, cerca de 10 mil pessoas estão desaparecidasReprodução
Justiça da Líbia ordena detenção de oito funcionários do governo após inundações fatais
De acordo com o último balanço, 3.800 pessoas foram mortas por conta do ocorrido
O procurador-geral da Líbia, Al Seddik Al Sour, ordenou a prisão provisória de oito funcionários do governo do país no âmbito de uma investigação sobre o rompimento de duas barragens, uma tragédia que provocou as inundações fatais de Derna em 10 de setembro.
No grupo estão sete pessoas que ocupam ou ocuparam cargos de responsabilidade no departamento de recursos hídricos ou na administração das barragens na Líbia, todas suspeitas, entre outras acusações, de "má gestão e negligência", informa o gabinete do procurador em um comunicado.
O prefeito de Derna, Abdulmonem Al Ghaithi, afastado do cargo ao lado do restante do conselho municipal após a tragédia, está no grupo de pessoas afetadas pela detenção provisória.
As inundações provocadas pela tempestade Daniel deixaram mais de 3.800 mortos na Líbia. O número inclui apenas os corpos enterrados e registrados pelo ministério da Saúde. Até o momento não foram contabilizados os corpos que os moradores sepultaram pouco depois da catástrofe.
As autoridades locais e as organizações humanitárias internacionais calculam que mais de 10.000 pessoas estão desaparecidas.
Afetada pelas divisões desde a queda e assassinato do ditador Muamar Kadhafi em 2011, a Líbia tem dois governos rivais: um com sede em Trípoli (oeste), reconhecido pela ONU e liderado por Abdelhamid Dbeibah, e outro com sede no leste, que tem um Parlamento e é liderado pelo influente marechal Khalifa Haftar.
O procurador-geral Al Sour anunciou em 15 de setembro a abertura de uma investigação sobre as circunstâncias das inundações.
Ele afirma que a administração das barragens na Líbia apontava fissuras desde 1998 nas duas construções afetadas, mas nenhuma medida foi adotada para reparar os locais.
O comunicado publicado nesta segunda-feira afirma que a investigação afeta 16 pessoas, todas envolvidas em diversos níveis com a gestão das barragens na Líbia. As oito pessoas colocadas em prisão provisória foram ouvidas no domingo por uma comissão de investigação sobre o rompimento das barragens.
Sete delas, incluindo o atual secretário do Departamento de Recursos Hídricos, seu antecessor e o chefe do gabinete local de Derna, assim como diretor do Departamento de Administração de Represas e seu antecessor, "não foram capazes de refutar sua responsabilidade na má gestão das missões administrativas e financeiras que estavam sob sua responsabilidade", segundo o comunicado.
"As falhas que cometeram e sua negligência em termos de prevenção de desastres contribuíram para a catástrofe e seu balanço humano e econômico", afirma o texto. O prefeito de Derna é suspeito de "abuso de poder e má gestão dos recursos destinados ao desenvolvimento da cidade".
A investigação se concentra, em particular, um contrato assinado entre o Departamento Hídrico da Líbia e uma empresa turca para a manutenção das duas barragens e a transferência, em 2014, para esta última de "valores desproporcionais", apesar de "ter violado os compromissos estipulados" no acordo, segundo um comunicado divulgado pelo procurador.
Um estudo de novembro de 2022 do engenheiro líbio Abdel-Wanis Ashour alertou sobre a possibilidade de "catástrofe" em Derna caso as autoridades não trabalhassem na manutenção das duas barragens.
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