Debate de candidatos à presidência da Argentina demonstra divergências nas propostas econômicas
Massa pediu desculpas por não ter conseguido reduzir o índice de preços. Líder em diversas pesquisas, Milei prometeu levar o país a níveis dos EUA em 30 anos
Debate aconteceu no domingo, 1, em Buenos Aires - Tomas Cuesta/AFP
Debate aconteceu no domingo, 1, em Buenos AiresTomas Cuesta/AFP
As propostas para combater a inflação, a fuga de divisas, a dolarização da economia ou o fim do Banco Central foram os temas que dominaram o primeiro debate, no domingo à noite, 1, de candidatos à presidência da Argentina, onde o primeiro turno das eleições acontecerá em 22 de outubro.
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O ministro da Economia, Sergio Massa, candidato à presidência pela coalizão União pela Pátria (peronistas de centro-esquerda), foi alvo das críticas dos demais aspirantes devido à grave crise que o país enfrenta, com uma inflação de mais de 120% em termos anuais e um índice de pobreza que supera 40% da população.
"A Argentina está em decadência. Se continuarmos assim, em 50 anos seremos a maior favela do mundo", afirmou o candidato libertário de extrema-direita Javier Milei, líder em várias pesquisas, que projetam sua presença no segundo turno eleitoral.
"Propomos a reforma do Estado, desregulamentar a economia, fazer privatizações e fechar o Banco Central. Se me deixarem, em 15 anos a Argentina pode alcançar níveis de vida como a Itália e a França, se me derem 20 anos, a Alemanha, e se me derem 30, os Estados Unidos", afirmou o economista.
Milei, 52 anos, entrou na política argentina em 2021, quando foi eleito deputado pela cidade de Buenos Aires. Em agosto, ele foi a surpresa das primárias presidenciais, quando foi o primeiro colocado, com 30% dos votos.
Em sua intervenção, Massa, um advogado de 51 anos, admitiu que a inflação é maior problema dos argentinos e pediu desculpas por não ter conseguido reduzir o índice de preços.
Ele afirmou que, se for eleito presidente, promoverá uma lei que permita o retorno ao país dos recursos depositados no exterior sem o pagamento de impostos, além de um plano de desenvolvimento das exportações.
As declarações foram criticadas pelos outros candidatos. "Explique aos argentinos como, sendo o pior ministro da Economia, você vai ser um bom presidente. Fez tudo errado. Dobrou a inflação", afirmou Patricia Bullrich, ex-ministra da Segurança no governo de centro-direita de Mauricio Macri (2015- 2019).
Myriam Bregman, candidata da Frente de Esquerda, criticou Massa por ter desvalorizado a moeda do país em quase 20% em 14 de agosto, um dia após as primárias, para cumprir uma exigência do Fundo Monetário Internacional (FMI), com o qual a Argentina tem um acordo de 44 bilhões de dólares.
O debate de domingo também abordou questões como educação e direitos humanos, temas em que Milei ganha destaque por suas posições polêmicas.
Quarenta anos após o retorno da democracia ao país, Milei questionou se a ditadura provocou 30.000 desaparecidos, como afirmam as organizações de defesa dos direitos humanos, e descreveu os anos do regime militar como uma "guerra" entre as forças do Estado e as guerrilhas.
"Não foram 30.000 desaparecidos, são 8.753. Somos contra uma visão de apenas um lado da história", disse Milei.
O presidente Alberto Fernández respondeu à afirmação de Milei.
"É insustentável que alguém continue negando e justificando a ditadura genocida que torturou, assassinou, roubou bebês dos quais mudou a identidade, provocou desaparecimentos e condenou ao exílio dezenas de milhares de argentinos", escreveu o chefe de Estado argentino na rede X (antes do Twitter).
Os candidatos à presidência participarão de outro debate no dia 8 de outubro, duas semanas antes do primeiro turno.
Resulta insostenible que alguien siga negando y justificando la dictadura genocida que torturó, asesinó, robó bebés a los que cambió su identidad, generó desapariciones y condenó al exilio a decenas de miles de argentinas y argentinos. pic.twitter.com/s8HehXww6r
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