Soldados sírios colocam caixões das vítimas do ataque com drone contra academia militar, em 6 de outubro de 2023, em Homs AFP

Familiares e oficiais se reuniram nesta sexta-feira (06) na cidade de Homs, centro da Síria, para os primeiros funerais das centenas de vítimas de um ataque com drones executado na véspera contra uma academia militar.

O ataque ocorreu no final de uma cerimônia de promoção de oficiais. Segundo a imprensa estatal, 89 pessoas morreram - incluindo 31 mulheres e cinco crianças - e 277 ficaram feridas, entre soldados e familiares que participavam do ato.

Dezenas de familiares e amigos das vítimas se reuniram hoje em frente ao hospital militar de Homs, de onde os restos mortais foram transportados para o cemitério. Uma mulher chorava a perda do filho. "Não vá, querido!", gritava.

Em vídeos publicados nas redes sociais, vítimas são vistas caídas no chão, e vários feridos pedem socorro durante o ataque, em meio ao caos e com tiros ao fundo.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), uma ONG sediada no Reino Unido que tem uma rede de observadores no terreno, reportou um número de vítimas superior ao das autoridades: 123 mortos, incluindo 54 civis, e pelo menos 150 feridos.

Luto
O ministro sírio da Defesa, Ali Mahmud Abbas, assistiu ao primeiro funeral, de cerca de 30 pessoas. Autoridades decretaram três dias de luto no país.

Até o momento, nenhum grupo assumiu a autoria do ataque, mas o Exército sírio acusou, na quinta-feira, "organizações terroristas armadas", afirmando que o ataque foi realizado "com drones carregados de explosivos". A corporação prometeu "responder com firmeza".

As Forças Armadas sírias bombardearam o último reduto rebelde do país, no noroeste. O OSDH relatou 24 mortes de civis em áreas rebeldes nas últimas 24 horas.

À noite, nove civis, incluindo cinco menores, também morreram em bombardeios com lança-foguetes múltiplos na província de Idlib, de acordo com a mesma fonte. A Rússia realizou pelo menos cinco bombardeios na região, acrescentou.

A Turquia também atacou o nordeste do país, controlado pelas forças curdas, pelo segundo dia consecutivo. Esses novos ataques elevam a 15 o número de mortos nos bombardeios, indicaram as autoridades curdas, que inicialmente haviam informado 16 pessoas mortas.

O chanceler turco, Hakan Fidan, discutiu a questão com o secretário americano de Estado, Antony Blinken, a quem disse que Ancara daria prosseguimento aos ataques aéreos "com determinação".

A Turquia intensificou suas operações aéreas transfronteiriças contra alvos curdos no nordeste da Síria e no norte do Iraque, em resposta a um atentado com explosivos que feriu dois policiais em Ancara no último domingo.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou preocupação com a escalada na Síria, e o enviado especial das Nações Unidas para esse país, Geir Pedersen, pediu uma "desescalada imediata" da violência.

A guerra na Síria, iniciada após uma dura repressão governamental contra a onda de protestos de 2011, deixou cerca de meio milhão de mortos até agora e um país fragmentado.