Nuvens de fumaça aumentam durante os ataques aéreos israelenses na Cidade de Gaza AFP

O objetivo do Exército israelense, no sexto dia da guerra desencadeada pela ofensiva do Hamas, é a "liquidação" do governo do movimento islâmico palestino na Faixa de Gaza, disse um porta-voz militar nesta quinta-feira, 12.

"Neste exato momento, estamos nos concentrando em seus altos dirigentes. Não apenas no comando militar, mas também em suas autoridades governamentais até (Yahya) Sinuar”, disse o tenente-coronel israelense Richard Hecht, referindo-se ao líder do Hamas em Gaza. "Estão diretamente envolvidos" no ataque de sábado em solo israelense, afirmou o porta-voz.
Pilha de cadáveres 
Por terra, mar e ar, centenas de militantes do Hamas atacaram Israel no sábado, 7, coincidindo com o fim do feriado judaico de Sucot.

Nas ruas, nas casas, nas cooperativas agrícolas e até em um festival de música, realizaram massacres de civis sem precedentes desde a criação do Estado de Israel em 1948.

Israel adotou represálias, declarando uma guerra para destruir as capacidades do Hamas. Está atingindo implacavelmente a Faixa de Gaza e mobilizando dezenas de milhares de soldados em torno do território palestino e em sua fronteira norte com o Líbano, onde houve trocas de disparos com o movimento pró-Irã Hezbollah, aliado do Hamas.

"Cada membro do Hamas é um homem morto", declarou Netanyahu, na quarta-feira (11), em seu primeiro discurso formal com seu governo de emergência, formado ontem mesmo com Benny Gantz, um dos principais líderes da oposição.

Na entrada do kibutz Beeri, a menos de cinco quilômetros da fronteira com Gaza, uma pilha de corpos testemunhava a magnitude do ataque.

"A devastação aqui é absolutamente imensa", disse Doron Spielman, porta-voz do Exército israelense. "E isso sem contar os muitos membros do kibutz que foram feitos reféns e levados para Gaza", acrescentou outro porta-voz do Exército, Jonathan Cornicus.

Gaza sem serviços básicos 
O ministro israelense da Energia, Israel Katz, afirmou nesta quinta-feira, 12, que seu país não autorizará a entrada de bens essenciais, nem de ajuda humanitária em Gaza enquanto o Hamas liberte os reféns.

"Ajuda humanitária a Gaza? Não vão poder ligar nenhum interruptor elétrico, não vão poder abrir nenhuma torneira, nenhum caminhão de combustível vai entrar, enquanto os israelenses sequestrados não tiverem voltado para suas casas", frisou.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) disse estar em contato com o Hamas para tentar libertar os reféns.

O diretor regional do CICV para o Oriente Médio, Fabrizio Carboni, apelou a ambos os lados para "reduzirem o sofrimento dos civis".

"Sem eletricidade, os hospitais correm o risco de se transformarem em necrotérios", alertou, expressando especial preocupação com os recém-nascidos colocados em incubadoras e com os pacientes que precisam de oxigênio, ou fazem tratamento de diálise.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, também iniciou negociações com o movimento islâmico, segundo uma fonte oficial.

Dezenas de especialistas independentes da ONU condenaram os "crimes horríveis" cometidos pelo Hamas e a resposta de Israel em Gaza, que chamaram de "punição coletiva". Os bombardeios israelenses atingiram dezenas de edifícios, fábricas, mesquitas e lojas, segundo o Hamas.

"É como um apocalipse, ou um terremoto", disse, em meio a escombros, um morador do distrito de Karama, em Gaza, que não quis dar seu nome. Os israelenses "vieram para destruir, como se essas pessoas não merecessem viver. Como se não fossem humanos", acrescentou.

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, convocou os países islâmicos e árabes a cooperarem para enfrentar Israel.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, acusou o Irã, por sua vez, de ter permitido o ataque contra o Estado judeu, por seu apoio ao Hamas nos últimos anos. Scholz disse ainda que usará "todos os seus contatos" para evitar uma escalada na região e libertar os prisioneiros.