A exumação e queima do corpo de um homossexual na frente de uma multidão chocou diversos senegalenses, mesmo com a homossexualidade sendo crime no país. O caso aconteceu no último sábado (28).
Na ocasião, um grupo foi até o cemitério de Léona Niassène, em Kaolack, e saiu de lá com o que disseram ser o corpo de um homem que alegavam ter práticas homossexuais. Um multidão acompanhou o ocorrido. O caso gerou espanto e comoção no país, sendo considerado um atentado ao respeito pelos mortos.
Quatro pessoas suspeitas de "serem os autores intelectuais" foram detidas na terça-feira (31), em Kaolack, disse um oficial da polícia local à AFP, sob condição de anonimato. A Justiça anunciou no domingo (29) a abertura de uma investigação para identificar e punir os autores desta "barbárie".
Embora seja um acontecimento raro, não é a primeira vez que o corpo de uma pessoa apresentada como homossexual é exumado no Senegal. Em 2008 e 2009, foram documentados dois casos no centro e oeste do país.
O romancista senegalês Mohamed Mbougar Sarr, vencedor do Prêmio literário francês Goncourt de 2021, narra uma cena parecida em sua obra "De purs hommes" ("Homens puros", em tradução literal).
No Senegal, país com mais de 90% da população muçulmana, a homossexualidade é frequentemente considerada um "desvio". A lei pune com penas de um a cinco anos de prisão atos denominados "contra a natureza com pessoa do mesmo sexo".
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